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O ministro Joaquim Levy já recebeu o conselho, de viva voz, em São Paulo, de um admirador colaborativo: “Chama o Luciano Coutinho para te ajudar. Você está muito sozinho”. A conversa escorria, com as devidas mesuras protocolares, sobre a guerra fria entre Levy, Nelson Barbosa e Aloizio Mercadante, a impossibilidade da onipresença do ministro da Fazenda e seu baixo traquejo para a negociação do ajuste fiscal. Coutinho, que está quieto no BNDES, viria para missões específicas, tais como representar Levy em reuniões do Banco Mundial ou do FMI, por exemplo. O staff do ministro não tem quadros dessa envergadura. Mas a maior das suas incumbências seria a “missão de todas as missões”: Coutinho seria uma espécie de embaixador para a negociação com o Congresso, empresários e a mídia do pacote de corte de gastos e aumento das receitas. Alguém se lembra do ministro extraordinário para renegociação da dívida externa? Foi no governo Collor que o embaixador Jorio Dauster exerceu com notório êxito a função. Na ocasião, o Joaquim Levy d’antanho, com o perdão da comparação, era a todopoderosa ministra Zélia Cardoso de Mello. O economista Antônio Kandir era o que havia de mais fronteiriço a Nelson Barbosa. Dauster foi se dedicar exclusivamente ao assunto, sem criar ciúmes, superposições, fofocadas. Seu exemplo avaliza o replay do modelo. Luciano Coutinho reúne as características essenciais para a função: é inabalável, possui uma paciência de Jó, entende do assunto, tem trânsito no PMDB – foi um dos fundadores do partido original –, conhece o empresariado que interessa e pode fazer uma boa ponte com a Unicamp – onde foi professor de Dilma Rousseff e de Mercadante, só para dizer alguns. E ainda tem o fundamental: uma boa relação com Levy. A mediação em tempo integral permitiria que o economista, com seu estilo zen, ficasse debelando incêndios e abatendo os balões de ensaio que são soltos a cada minuto. Coutinho, com seu estilo didático, teria o perfil para percorrer incansavelmente os gabinetes do Congresso explicando cada vírgula do ajuste. Segundo o interlocutor de Levy, a ideia seria uma resposta aos defensores simplórios de que tudo se resolve dando o que o PMDB quer, portanto laborar no assunto é uma atitude moralmente defensável, mas pragmaticamente inoperante. Coutinho tem como adversário a campanha deflagrada contra o BNDES. Mas, por enquanto, nada colou.
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