Trump é um sobrenome maldito na contabilidade do Serpros

  • 11/11/2016
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Para os mais de 25 mil funcionários e aposentados do Serpro, a empresa de processamento de dados do governo federal, o sobrenome Trump é sinônimo de escândalos, farto noticiário policial e, na última linha, prejuízos. Sob intervenção da Previc, o Serpros, fundo de pensão da estatal, deverá lançar no balanço deste ano uma provisão de aproximadamente R$ 40 milhões. A cifra equivale a pouco mais da metade do aporte de R$ 77 milhões feito pela entidade no FIP LSH, fundo constituído para financiar a construção do Trump Rio de Janeiro – hotel localizado na Barra da Tijuca, no Rio. A participa- ção do Serpros no negócio é investigada no âmbito da Operação Greenfield. O Ministério Público Federal tem fortes indícios de que o projeto foi superfaturado e parte dos recursos desembolsados pela fundação foi desviada para o pagamento de propinas. O projeto nasceu de uma parceria entre uma empresa carioca chamada LSH Barra Empreendimentos Imobiliários e a The Trump Organization, grupo do futuro presidente norte-americano – mais do que um sobrenome uma marca que cobra alto para batizar ativos de real estate mundo afora. Procurado pelo RR, o Serpros não se pronunciou.  A trajetória recente do Serpros é repleta de solavancos. Esta é a segunda vez em pouco mais de um ano que a Previc decreta intervenção no Serpros. A primeira se deu em maio do ano passado, quando o órgão regulador bloqueou os bens de 17 ex-executivos da fundação. Há cerca de cinco meses, em meio a suspeitas de irregularidades, Claudio Albuquerque Nascimento renunciou à presidência. No caso específico do aporte no FIP LSH, a provisão no balanço é vista no próprio Serpros apenas como uma mera formalidade, um rito de passagem para o inevitável: o write off de pelo menos metade do valor investido. Para se ter uma ideia do peso da operação, basta dizer que, individualmente, o aporte no Trump Rio de Janeiro é o hoje o segundo maior investimento em participações na carteira do fundo de pensão – o total de ativos é de R$ 5,1 bilhões. Trata-se de mais uma conta que os beneficiários da fundação serão chamados a pagar devido às estripulias cometidas pelas últimas gestões da entidade.

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