Secom se prepara para enfrentar guerra de narrativa contra os Bolsonaro

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Secom se prepara para enfrentar guerra de narrativa contra os Bolsonaro

  • 5/08/2025
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O ministro-chefe da Secom, Sidônio Palmeira, como bom brasileiro, está torcendo para que o Brasil saia do grupo dos países sobretaxados pelos Estados Unidos nas suas exportações. Mas melhor ainda será se a solução vier devagarinho. Por trás dos panos, Palmeira trabalha na geração de motes para Lula disparar contra a irmandade Trump/Bolsonaro bem antes da sua campanha eleitoral começar para valer.

Já se sabe que a questão da fome, do meio ambiente, a importância dos BRICs e da cooperação internacional para conter o aquecimento global são temas que terão de constar do speech do presidente na COP30, talvez a sua mais próxima e luzidia vitrine política. Mas alguns outros assuntos ganharão proeminência: a alternativa de outra moeda para se livrar do imperialismo monetário do dólar, a resistência de Trump em se engajar nas iniciativas globais para reduzir o aquecimento do planeta, a intervenção – quase um golpe – na soberania do Brasil e a adoção política e obsessiva de um ditador e militar de araque que tentou melar as eleições e criar as condições para que ocorresse uma quartelada no país, o que pode ser comprovado com as lamentáveis imagens do 8 de janeiro.

Um dos objetivos do ministro-chefe da Secom é disseminar na COP30 a mensagem de que o Brasil não irá fugir ao seu papel fundamental de reduzir a insegurança alimentar do mundo, um dos alvos indiretos de Trump. De quebra, Palmeira vislumbra uma oportunidade de dar visibilidade ao recorde na queda do desemprego, a retirada do mapa da fome, uma melhoria nas projeções do déficit primário em 2025 e 2026 e uma estimativa de crescimento do PIB superior a 2% no biênio. Enfim, a ordem na comunicação do Planalto é transformar o limão tarifário em uma limonada eleitoral.

Sidônio Palmeira sabe também que velocidade é função do tempo e vem dessa inevitável associação a importância de correr com os ganhos publicistas dessa situação reversa. Caso contrário, os Bolsonaro, qualquer que seja a redução da sobretaxa, berrarão a fanfarra de que o refresco alfandegário se deve à ação do próprio clã, notadamente de Eduardo Bolsonaro.

Não será surpresa se a família Bolsonaro bradar que conteve uma situação de rompimento das relações com os EUA e que o verdadeiro golpe foi dado por Lula usando táticas como a fraude nas eleições. Ou que Jair Bolsonaro e sua prole agiram para distender as relações entre o Departamento de Estado norte-americano e o Poder Judiciário. Ou seja: não faltam argumentos para o marketing tanto do lado dos gregos quanto dos troianos. A corrida é pela narrativa mais eficaz, com maior poder de sensibilização da opinião pública. Isso para não falar que a família Bolsonaro deve aumentar o discurso de vitimização com a prisão domiciliar do ex-presidente, decretada ontem pelo ministro Alexandre de Moraes.

A questão é o timing. No próprio Palácio do Planalto, cabeças mais sensatas pregam que, se Lula quer entrar nessa briga para ganhar, não pode recusar a cooperação dos profissionais para dar ouvido aos “cardeais Mazarini” que o rondam, caso de Janja e Gleisi Hoffmann. Há o entendimento de que o presidente precisa também escutar um pouco mais seus embaixadores, que estão no limbo da negociação, sem norte e apoio. Parece que os “generais do Itamaraty” foram postos na reserva. Só Lula fala pela diplomacia. Mais um ponto para acertar com o curador da sua imagem.

#Jair Bolsonaro #Lula #Secom

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