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RR Destaques
O acordo entre o presidente Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, visando a construção conjunta (somada a uma PPP) do túnel Santos-Guarujá, tem significado para ambos.
Seria possível identificar, apenas, uma manobra do petista, no entanto, dado o histórico recente do governador de São Paulo (e a pressão que fez sobre o ministro de Porto e Aeroporto, do seu partido, o Republicanos) difícil crer que ele tenha sido “manipulado”, como se insinuou (Bolsonaro à frente) durante a Reforma Tributária.
De certa forma, os dois saem com o que queriam:
> Lula põe as digitais do governo federal e do PAC na obra, mesmo que “partilhada” com Tarcísio. E alimenta tanto a imagem de presidente “de todos os brasileiros” quanto a de fortes investimentos em São Paulo.
Sem falar em que instiga novo “racha” na oposição, tanto ao alinhar o Republicanos ao seu governo (Tarcísio chegou a ameaçar sair do partido de a obra fosse tocada apenas pelo Planalto/ministério) quanto ao “ganhar” outra foto com o governador de São Paulo;
> Tarcísio, por sua vez, mostra que aposta, sim, em manter a base do ex-presidente (daí as constates demonstrações marcando fortes diferenças com a esquerda e acenos a Bolsonaro, em áreas que vão da segurança à educação e saúde), mas conquistando parte do centro. Algo que Bolsonaro não conseguiu fazer – ou, na verdade, nem tentou.
A ver se a manobra de Tarcísio, consciente, provocará reações do ex-presidente, justamente em um momento no qual ele acusa a PF e o STF (e o governo Lula, por tabela) de exercerem uma perseguição política.
Outro pé da estratégia presidencial, além de por o PAC na rua e dividir a oposição, conquistando os núcleos “pragmáticos” de centro e centro direita, é negociar em posição de mais força no Congresso.
Nesse âmbito, o adiamento da reunião de líderes, e consequentemente do posicionamento de Arthur Lira, dificulta as leituras de como o presidente da Câmara reagirá.
No entanto, como já ressaltou o Destaques, tem se falado muito pouco na “entrega” das vice presidencias da Caixa. Qualquer que seja a posição de Lira – e mesmo que venha na ofensiva – difícil crer que isso não seja um fator nas negociações a seguir.
Outro ponto em aberto será a movimentação de Rodrigo Pacheco. O presidente do senado vinha se aproximando da oposição, particularmente na pauta visando diminuir poderes do STF.
Mas, além de dar sinais favoráveis ao governo, vê-se compelido, agora, a enfrentar os ataques públicos do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Também pode contribuir para esfriar os ânimos a investigação da Abin, ainda que continue e embutir riscos importantes para o governo (e oportunidades para o ex-presidente Bolsonaro).
Os olhos estarão mais voltados amanhã para a decisão – e os recados – do Fed do que do BC, acerca da taxa de juros. Isso porque, aqui, as apostas são muito fortes não apenas em novo corte de 0,5pp quanto na sinalização da mesma tendência para a próxima reunião do Copom.
Ainda assim, o foco estará no que o Banco Central indicará como leitura acerca dos números abaixo do esperado no IPCA e sobre a questão fiscal.
Já nos EUA, as projeções de que o BC sinalizará um horizonte para a queda dos juros explodiram, em um primeiro momento, para depois se arrefecer. E o Fed tem mostrado conservadorismo. Mas os números e análises mais recentes apontam, efetivamente, para o arrefecimento da inflação e o “pouso suave” da economia norte americana. A conferir.
Em paralelo, destaque amanhã para a divulgação da PNAD de dezembro, que fechará os números anuais de desemprego – dado importante para a economia, claro, mas também para a comunicação do governo. E, nos EUA, sai a Variação de Empregos Privados ADP de janeiro.
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