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O staff de Marina Silva empurra a candidata na direção do ringue. A recomendação de seus estrategistas de campanha é para que ela comece a golpear Ciro Gomes, Jair Bolsonaro e Geraldo Alckmin, seus concorrentes diretos por uma vaga no segundo turno – no caso do tucano, mais pela expectativa de recuperação da sua candidatura e pelo peso eleitoral do PDSB do que efetivamente pela sua posição nas pesquisas divulgadas até o momento. A estratégia prevê que a candidata da Rede intensifique sua presença na mídia, com uma sequência de entrevistas focadas em cada um dos seus alvos, expondo suas respectivas fragilidades e contradições.
A ideia é que Marina use também os concorrentes como “escada” para ressaltar o que pesquisas de opinião encomendadas pela Rede indicam como seus maiores atributos: serenidade, coerência política e integridade. Cada um deles parece feito sob medida para um discurso de contraste com os adversários. A serenidade faz contraponto ao destempero e, não raramente, extremismo de Bolsonaro.
A coerência política é um dos pontos de vulnerabilidade de Ciro, que já vestiu camisas partidárias dos mais diversos tons. A integridade surge como um petardo na direção de Alckmin, citado na Lava Jato. O tucano, aliás, será o alvo preferencial de Marina. Ele é visto pelos estrategistas da Rede como o concorrente mais vulnerável e o mais suscetível a perder votos para a candidata – os poucos que tem.
Até porque há um entendimento de que, sob certos ângulos, Marina corre na mesma raia de Alckmin e ambos disputam uma faixa similar do eleitorado – ver RR edição de 24 de abril. A percepção entre seus colaboradores é que Marina Silva está sendo excessivamente Marina Silva, adiando em demasia sua entrada no combate eleitoral. O temor é que esta postura cobre um preço quando a campanha começar oficialmente. O risco é Marina levantar voo para cair logo à frente, como ocorreu em 2014.
Por esta razão, seu entorno recomenda ações mais contundentes. Miro Teixeira e João Paulo Capobianco, seus principais articuladores políticos, pregam que Marina acelere as viagens pelo país. Por sua vez, o economista Marcos Lisboa defende que a candidata lance uma espécie de “Carta ao Povo Brasileiro”. O objetivo seria destrinchar suas propostas para a economia, reafirmar seu compromisso com agendas inadiáveis, como o ajuste fiscal e as reformas, e, com isso, desarmar as resistências que seu nome ainda encontra junto ao empresariado. Tudo o que seus assessores querem evitar é uma repetição de 2014, quando ela anunciou dois planos para a área econômica no espaço de 15 dias, um desdizendo o outro em diversos pontos.
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