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Como se não bastasse a ausência absoluta de novas concessões ferroviárias em quase dois anos de mandato, o governo Lula ainda enfrenta a ameaça de descarrilamento de projetos já em execução. O ministro dos Transportes, Renan Filho, e seus assessores estão apreensivos com a construção do trecho 1 da FIOL (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), um investimento de mais de R$ 5 bilhões a cargo da Bahia Mineração (Bamin), leia-se a Eurasian Resources Group (ERG), do Cazaquistão. As incertezas que cercam o futuro da ERG no Brasil colocam em risco a continuidade das obras.
Segundo informações que circulam na Pasta dos Transportes, o grupo cazaque já sinalizou ao governo que não pretende seguir com o projeto. Aliás, ao que parece, não pretende seguir com nada no Brasil. Nesse contexto, a construção da Fiol estaria condicionada à venda do controle da Bamin e à consequente chegada de um novo investidor disposto a assumir a dobradinha mina/ferrovia, um pacote de investimentos estimado em mais de R$ 20 bilhões.
No setor, a Vale vem sendo apontada como a principal candidata ao negócio. A ponto, inclusive, de surgirem rumores de que o próprio governo tem pressionado a empresa a adquirir a Bamin e tocar a implantação dos 537 km da Fiol entre Caetité e Ilhéus. O RR enviou uma série de perguntas à Bahia Mineração, mas a empresa limitou-se a responder que “não comenta especulações de mercado”. A Vale, por sua vez, não se pronunciou.
Fundada por três oligarcas – os cazaques Alexander Mashkevitch e Alijan Ibragimov e o uzbeque Patokh Chediev -, a Eurasian Resources Group vive um momento de adversidades. A começar pelo Congo, uma de suas operações mais importantes. As relações entre o grupo e o governo local estão estremecidas. Em abril, as autoridades suspenderam nove empresas subcontratadas pela ERG para serviços em suas minas de cobalto no país africano.
A alegação é que as companhias não cumprem a exigência legal de ter acionistas congolenses. Ressalte-se que o Congo reúne três quartos das reservas globais de cobalto. Além disso, a ERG sofre com a queda dos preços do mineral. Desde maio de 2022, as cotações do cobalto acumulam uma queda superior a 70%. É uma combinação de fatores que permite entender a iminente saída do grupo do Brasil.
Nesse contexto, o pior cenário para o governo é a ERG devolver a concessão da FIOL à União, caso não encontre um comprador para a Bamin. Nessa hipótese, o Ministério dos Transportes seria forçado a realizar uma nova licitação em um ambiente pouco favorável.
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