Receita de Natal para Paulo Guedes não ser detestado

  • 22/12/2020
    • Share

O RR quer dar um presente de Natal a Paulo Guedes, que empreendeu uma enérgica batalha pela aprovação de medidas econômicas necessárias ao ajuste econômico e à retomada do crescimento. Decidiu por ofertar um decálogo de ações facilitadoras do diálogo com os diversos públicos. Bobagem isso que ministros da Economia têm de ser naturalmente odiados. Ao contrário, Guedes tem de tentar ser amado e não se manter como o sujeito intolerável que aparece nas mídias. Vamos às propostas:

I. O ministro deve ser reportar mais à população e não somente aos empresários , quando trata das dificuldades com o Congresso para aprovação das reformas estruturais. As reformas são do povo. É isso que Guedes têm de conseguir expressar.

II. As reformas têm de ser mostradas em bloco para a sociedade. Na TV, no cinemas e todas as mídias do país, em um movimento simultâneo de guerra e paz. Querer fazer uma mudança estrutural nos hábitos e direitos da população sem dar explicações convincentes parece um contrassenso.

III. A pedra de toque é a expressão “melhoria geral para todos”. Ou algo assim. Recomenda-se que o ministro foque seu discurso nos pontos centrais da reforma. Nada de diversionismo, como falar de imposto do pecado ou de fundo das estatais.

IV. E onde estão os gráficos, estatísticas e simulações do que essa gestão reformista vai trazer de benefícios ao povo? E cadê o material de divulgação que explique bem explicadinho o que todos vão ganhar?

V. Eficiência, eficácia, controle, ajuste, racionalização são termos para um publico que não precisa de carinho. Estamos falando de banqueiros e afins. Mas, o país não é compostos só pelos donos do capital. Vale a pena pensar em frases diferentes para aqueles que querem e precisam ser bem tratados. Que tal: “Eu estou com você e não abro mão de lhe dar um emprego” ou “Eu coloco minha honra em jogo se não viveremos muito melhor”.

VI. Guedes deve parar de dar entrevistas destemperadas ao fim de palestras ou na porta do Ministério e organizar o contato com  imprensa para encontros permanentes e amigáveis. Se não, ficará refém de entrevistas no calor de hora e depois do achincalhe nos jornais.

VII. O ministro é inteligente, uma força viva, por isso não precisa se vangloriar dos seus feitos ou da sua capacidade intelectual. O que era para ser reconhecido como mérito acaba sendo pedantismo e bravata. “Li Keynes no original, três vezes”, nunca mais.

VIII. Guedes não vai fazer tudo o quer, mesmo que essa seja a sua intenção. Valeria reforçar a mensagem sobre a importância de colaboração do Congresso. O ministro não conseguirá realizar as reformas se não tiver a “cumplicidade dos políticos”. Parece uma platitude, mas é umas melhores recomendações.

XIX. Recomenda-se variar as abordagens nas dezenas de apresentações que o ministro dá. O mercado financeiro sabe de cor o que Guedes vai dizer. O que sobra é a graça dos chistes e o mal estar das grosserias. É preciso pautar todos os públicos. Caso contrário, Guedes posa de tribuno “de uma nota só para um público só”. É chato.

X. Recomenda-se também ao ministro não sair batendo, sem limite, nas entidades corporativas. O exemplo mais recente foi o da Febraban. Guedes deveria lembrar de uma das suas referências, o professor Octávio Gouvêa de Bulhões, que recusava pedidos de empresários e não alterava um músculo do rosto quando tinha de anunciar medidas restritivas. Tinha a maior autoridade, mas não brigava com ninguém. A beatitude de Bulhões pode ser muito para Guedes. Mas, seu comportamento regrado poderia ser uma boa inspiração.

#Economia #Paulo Guedes

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2024.