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A relação entre a gestão Lula e a cadeia de negócios da área farmacêutica está precisando de um bom calmante. Há duas quedas de braço simultâneas com elos distintos do setor. Fabricantes de medicamentos pressionam o governo por um reajuste de preços superior ao do ano passado.
Vão ter de aumentar a dosagem do lobby. As primeiras rodadas de negociação caminham na direção contrária. Laboratórios e farmácias cobram, como piso, a recomposição da inflação, ou seja, o IPCA de 2024, 4,83%.
Para o chamado nível 1, de medicamentos em mercados concorrenciais, o pleito é de um reajuste de até 7,8%, com base em cálculos que circulam na indústria. No entanto, o governo trabalha com um índice médio em torno de 4%, abaixo dos 4,5% do ano passado. A se confirmar, será o menor reajuste desde 2018 (2,8%).
O Conselho de Ministros da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) deverá bater o martelo em março. O CMED é composto pelos ministros da Saúde, por ora Nísia Trindade, da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e da Justiça, Ricardo Lewandowski, além da representante da Anvisa, Daniela Cerqueira.
Na paralela, o relacionamento entre o governo e o varejo farmacêutico também vive um momento de adrenalina mais alta. A gestão Lula tem flertado com a ideia de liberar a venda de medicamentos em supermercados como forma de aumentar a concorrência, baixar os preços e conter a inflação. Há, inclusive, um projeto de lei neste sentido – nº 1774/2019 – em tramitação no Senado. Assim que as intenções do governo vieram à tona, há cerca de duas semanas, o varejo farmacêutico se encrespou.
E nem poderia ser diferente. Diante do risco de perder sua reserva de mercado, a Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) repudiou a ideia. O empresário Eugênio De Zagottis, um dos acionistas da Raia Drogasil, foi às redes sociais para criticar a proposta.
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