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Qual será a próxima jogada de Marcos Molina no tabuleiro da BRF?

  • 21/07/2023
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Marcos Molina, dono do Marfrig, já está debruçado sobre seu próximo movimento no xadrez societário da BRF. O empresário trabalha com dois cenários:  o primeiro é a formalização de um bloco de controle e a elaboração de um acordo de acionistas, buscando, para isso, o apoio dos principais minoritários da companhia; a segunda hipótese é a compra em bloco de ações da empresa junto a outros investidores, de forma a atingir uma posição majoritária no capital. Em ambos os caminhos, há duas peças-chave nessa engrenagem: Previ e BlackRock, detentores, respectivamente, de 6,2% e 6% da BRF. Os dois investidores passaram a ter uma relevância maior no concerto de acionistas da companhia diante dos números finais do recente aumento de capital. Inicialmente, o Marfrig, de Molina, e o Salic, fundo soberano da Arábia Saudita e aliado do empresário, miravam uma participação de 53% na BRF. Na hora H, porém, a dupla subscreveu um número de ações menor do que o esperado, ficando com uma fatia somada de 43% – individualmente, a participação de Marcos Molina é de 33%. 

Marcos Molina está com o caminho aberto tanto para costurar um bloco de controle ou para adquirir mais ações da BRF até atingir os 51%. Não custa lembrar que a “cláusula de barreira” que impedia as duas hipóteses, especialmente a segunda, caiu por terra. Recentemente, os acionistas da BRF derrubaram a pílula de veneno que obrigava qualquer investidor com mais de 33,33% da empresa a fazer uma oferta pública pelo restante das ações em mercado. Ou seja: Molina pode aumentar sua participação sem a obrigatoriedade de comprar o restante free float da BRF. Há um detalhe que não deve ser desprezado. Inicialmente, Molina aportaria R$ 2,5 bilhões no aumento de capital da BRF. No fim das contas, desembolsou apenas R$ 1,8 bilhão. Ou seja: guardou uma gordura financeira que, em tese, pode ser usada mais à frente para ampliar sua participação. De toda a forma, seja por meio de um acordo de acionistas e de mãos dadas com Previ e BlackRock, seja com a compra de mais ações, na prática as duas jogadas levariam ao mesmo lugar, dando a Molina maioria absoluta nas assembleias de acionistas e no Conselho de Administração da BRF. Procurado, por meio da assessoria do Marfrig, o empresário não quis se manifestar.

Em tempo: independentemente do movimento a ser realizado, a aproximação entre Marcos Molina e Previ pode levar a uma aliança entre dois antigos desafetos. Inicialmente, quando Molina começou a avançar no capital da BRF, ainda no governo Bolsonaro, o fundo de pensão demonstrou resistência a uma possível associação com o Marfrig. Posteriormente, no ano passado, a Previ se opôs à chapa de conselheiros apresentada pelo Marfrig, numa disputa por poder dentro do board da BRF. Aos poucos, os dois lados baixaram as armas. Um personagem importante no armistício foi Aldo Mendes, funcionário de carreira do Banco do Brasil e ex-diretor de Política Monetária do Banco Central entre 2009 e 2016 e hoje um dos mais influentes conselheiros da BRF.

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