Procura-se uma vacina contra Lula e Bolsonaro

  • 29/03/2021
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O empresariado parece estar mais preocupado com a futura eleição presidencial do que com a vacinação para debelar a pandemia. As lideranças da iniciativa privada, reais ou autoproclamadas, mais falam do que agem quando o assunto é o enfrentamento do Covid-19. Porém, quando o tema são os candidatos a presidente, sobra animação e ativismo. O RR conversou com três dirigentes empresariais “pesos pesados” sobre pandemia e eleições. Há alguns consensos e dissensos.

Entre os consensos está a percepção de que a pandemia vai a 400 ou 500 mil mortos, mesmo que o governo aumente a velocidade na vacinação. O vírus vai derreter Jair Bolsonaro. Por isso, alguns se sentem desconfortáveis em dividir ações sanitárias com um governo “genocida”. Julgam que o candidato do centro deve ser definido logo, de forma a evitar que a polarização na disputa presidencial entre Lula e Bolsonaro se torne cada vez mais difícil de ser desconstruída. Em tempo: nas últimas semanas, o ex-ministro Henrique Mandetta cresceu como possível candidato do centro.

É bem verdade que o aumento do seu vigor eleitoral deve-se, em parte, à indecisão de Luciano Huck em assumir sua candidatura. Huck está criando uma fama de fujão. O candidato centrista, seja quem for, deveria anunciar rápido seu ministro da Economia. As eleições presidenciais “devem ser antecipadas na imprensa”. As conversas com a mídia giram na linha de bater em Bolsonaro e Lula, com “igual intensidade para viabilizar o nome do centro”. Tem sido difícil pegar Lula. O ex-presidente tem reduzido propositalmente suas aparições, “falando somente com a imprensa estrangeira”.

Com contágios e mortes crescendo, a conta vai toda para Bolsonaro. Os empresários acham que Ciro Gomes terá um papel relevante na pancadaria nos dois candidatos declarados. Mas o entendimento com Ciro não avançará além dessa função (ver RR de 9 de março). O apoio do setor privado a sua candidatura será miúdo. Em um segundo turno disputado por Lula e Bolsonaro, com muita azia, os empresários votariam no primeiro. Mas há pré-condições, tais como “o anúncio de um ministro da Economia pró-mercado”. Os empresários, disse um dos dirigentes, não são como o Centrão. Eles apoiam candidatos em função de preferência ideológica. No caso de Bolsonaro, por exemplo, o motor foi o antilulismo, e a âncora, o ministro Paulo Guedes. “A pegada liberal não será assumida por todos os candidatos. Mas estará nas entrelinhas do discurso de qualquer um eles.”

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