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Quem vai ficar com a Vitru Educação? Esse é o dilema que ressoa entre executivos do próprio setor de ensino. Do valor do ativo ao modelo da operação, passando por discordâncias entre os sócios, são várias as pontas ainda soltas na negociação. Os acionistas da empresa – uma alta casta de investidores, que inclui Carlyle, 23S (Votorantim e Temasek, fundo soberano de Cingapura), Crescera Capital e Neuberger Berman – mantêm conversações simultaneamente com a Yduqs e a Cruzeiro do Sul.
Segundo a fonte do RR, os fundos estariam pedindo cerca de R$ 1,8 bilhão pela Vitru, o equivalente a um prêmio de controle de aproximadamente 35% sobre o valor de mercado da companhia em setembro, quando as tratativas foram abertas. De lá para cá, no entanto, o market cap do grupo caiu de R$ 1,35 bilhão para R$ 1,1 bilhão. Ou seja: na ponta do lápis, o overprice estipulado pelos acionistas aumentou, para insatisfação de Yduqs e Cruzeiro do Sul, que pressionam por uma redução da pedida. Procurada pelo RR, a Vitru informou que não se manifesta sobre “rumores existentes no mercado a seu respeito”, assim como a Cruzeiro do Sul. A Yduqs disse que não “comenta informações de mercado”.
Cada proposta sobre a mesa implica um desfecho diferente. A Yduqs, à frente o empresário Chaim Zaher e o Advent, já teria apresentado uma oferta de compra da Vitru Educação. A Cruzeiro do Sul, por sua vez, tem interesse em uma fusão. Nesse caso, a negociação passa diretamente por Cingapura, ponto de interseção entre as duas empresas. Se a Vitru conta em seu capital com o Temasek, a Cruzeiro do Sul tem como maior acionista outro fundo soberano do país asiático, o GIC.
As duas firmas de investimento de Cingapura vislumbram a possibilidade de se associar em um grupo vitaminado. Juntas, Vitru e Cruzeiro do Sul somariam cerca de R$ 4,5 bilhões em receita e algo próximo de R$ 1,4 bilhão de Ebitda, a números de 2023. Seriam mais de 1,2 milhão de estudantes e quase 30% de market share no segmento de ensino a distância. Tudo muito bom, tudo muito bem, mas os acionistas da Vitru nadam em raias diferentes. A Votorantim vota com o “relator”, sua parceira Temasek, e defende a fusão com a Cruzeiro do Sul. Já os demais fundos pendem, ao menos até o momento, para a venda do controle à Yduqs, o que lhes daria uma porta de saída do negócio.
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