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Petz e Cobasi ainda estão mais para concorrentes do que sócios

  • 10/02/2025
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A fusão da Petz e da Cobasi, as duas maiores redes de pet shops do Brasil, parece um jogo de cão e gato. Segundo informações filtradas pelo RR, Sergio Zimerman, fundador e maior acionista da Petz, teria atingido uma fatia de 51% no capital da companhia a partir de sucessivas ordens de compra em bolsa ao longo das últimas duas semanas. A conta engloba tanto sua participação direta quanto por meio de instrumentos de derivativos financeiros. O apetite de Zimerman por ações da empresa em meio ao processo de M&A com a Cobasi chama a atenção.

Para o mercado, trata-se de um sinal de que ainda há divergências nas tratativas entre as duas companhias. A compra de ações pelo empresário é vista como um movimento, ao mesmo tempo, defensivo e de ataque. Defensivo à medida em que Zimerman estaria se protegendo de um possível take over da Petz pela Cobasi, controlada pela família Nassar; e de ataque porque seu objetivo seria também se cacifar para assegurar uma melhor relação de troca e consequentemente uma participação maior na nova empresa, resultante da fusão entre as duas redes de lojas.

Nas palavras de uma fonte do RR, colocar Sergio Zimerman e Paulo Nassar, acionista e CEO da Cobasi à mesa de negociações é como trancar um rottweiler e um pitbull na mesma sala. Ambos são conhecidos no setor – e também por isso respeitados – como players agressivos. E, até o momento, ao que tudo indica, o passado de renhida competição entre os dois empresários ainda fala mais alto do que a ideia de um futuro como sócios do mesmo grupo.

Há reticências de parte a parte a serem superadas. Zimerman seria o mais ressabiado, ainda que o desenho societário inicialmente previsto para a nova empresa dê aos atuais acionistas da Petz uma participação maior, de 52,6%, contra 47,4% para os investidores da Cobasi. Ocorre que, no fim de 2024, a Tefra Participações, holding da família Nassar, comprou ações da Petz em mercado, o que eventualmente provocar um desbalanceamento, a seu favor, na composição acionária da nova companhia.

Nesse tabuleiro, há ainda outra peça importante: a Kinea. A gestora de private equity vinculada ao Itaú joga esse jogo com um duplo chapéu, de acionista tanto da Petz quanto da Cobasi. Não obstante a dupla presença, o que se diz no mercado é que o fundo tem uma relação maior de proximidade com os Nassar. Em contato com o RR, a Cobasi informou que a fusão com a Petz “segue em avaliação do Cade”.

Ainda segundo a empresa, “até a conclusão da análise do Cade, ambas as companhias, assim como seus acionistas, seguem com suas operações normalmente, concorrendo pelo mercado”. Perguntada especificamente sobre o aumento da participação de Zimerman em seu capital, a Cobasi não se pronunciou. Também consultada, a Petz não se manifestou.

Fontes que acompanham as negociações apostam que Zimerman e os Nassar vão vencer eventuais diferenças e idiossincrasias e consumar a fusão.

O entendimento é que esse é um negócio grande demais para ser desfeito. Pode ser que sim, pode ser que não. Mas é justamente o fato de ser um negócio grande demais que deixa uma pulga atrás da orelha do mercado diante das diferenças entre as duas partes. Há muito em jogo.

Ter o controle do futuro grupo significará comandar o maior conglomerado de pet shops do Brasil, com uma receita superior a R$ 7 bilhões, um Ebitda combinado de mais de R$ 500 milhões e aproximadamente 500 lojas, além de 15 hospitais veterinários.

#Cobasi #Petz

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