Economia

Para que servem as estimativas do Banco Mundial?

  • 11/04/2024
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O Banco Mundial divulgou ontem suas previsões para a economia. A julgar pelo track records, quem usar as projeções para seus estudos e simulações vai perder tempo. A agência multilateral carrega um impressionante histórico de equívocos em suas estimativas. Ao longo da última década, o Banco Mundial não acertou sequer uma única vez a sua projeção para o Produto Interno Bruto no Brasil. Segundo levantamento feito pelo RR, somando-se todas as suas estimativas no período em 2014 e 2023, o PIB brasileiro teria um crescimento acumulado nesse intervalo de 7%. Na prática, no entanto, o que se viu foi um aumento de apenas 3,4%. Uma dispersão de 50% na década é mais do que suficiente para desacreditar os economistas do Banco Mundial. Ressalte-se que, para efeito de cálculo, o RR utilizou sempre a primeira estimativa divulgada pelo Banco Mundial a cada ano, de forma a dar uniformidade à pesquisa – à exceção de 2020, quando, em função da circunstância extraordinária, foi computada a primeira revisão já após o estouro da Covid-19. Como se sabe, ao longo do ano, a instituição vai dançando conforme a música e moldando as suas estimativas a uma série de outros dados que vão sendo gradativamente divulgando.

Em 2023, por exemplo, a primeira estimativa do Banco Mundial para a alta do PIB do país foi de 0,8%; ao final do ano, o que se viu foi um aumento de 2,9%. Em 2022, outro abismo: projeção de 1,5% e, na prática, crescimento de 3%. Em 2021, a bola de cristal da agência apontou 3% de avanço do produto interno; deu 4,6%. A bússola do Banco Mundial é tão descalibrada que, às vezes, aponta para o Norte, quando vento sopra para o sul. Foi assim em 2015. A projeção do Banco Mundial indicava um aumento do PIB no Brasil de 2,7%. Não podia ter errado mais: o índice desabou 3,8%.

As falhas preditivas do Banco Mundial não se limitam ao Brasil. Utilizando-se o mesmo critério, da primeira projeção divulgada ano a ano – mais uma vez, exceção feita a 2020 – as estimativas anuais da instituição indicavam um crescimento médio acumulado do PIB mundial de 24%. Na realidade, porém, o aumento médio do PIB mundial beirou os 31%, ou seja, uma dispersão, de 30%.

 

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