OCDE é a nova obsessão do governo Bolsonaro

  • 30/06/2020
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O governo Bolsonaro tem um novo fetiche, conforme ficou revelado na reunião ministerial de 22 de abril: o ingresso na Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Na visão das autoridades, a participação na OCDE trará uma série de benefícios – como informa o boletim Insight Prospectiva na edição de junho: da mitigação das críticas ao péssimo comportamento ambiental da gestão Bolsonaro até a atração de investidores para a construção de cassinos, além das facilidades de obtenção de recursos externos e o destravamento do comércio exterior. O dado de realidade é que o Brasil não adota as “boas práticas” exigidas pelo clube da OCDE, o que leva a considerar que o ingresso na agremiação estaria mais vinculado à possibilidade do governo fazer política econômica de “fora para dentro”.

A célebre reunião dos ministros deixou claro que estão todos alinhados com Jair Bolsonaro em torno do tema OCDE, a começar, em ordem hierárquica de entusiasmo, por Paulo Guedes, Eugênio Araújo, Braga Netto, além de Marcelo Álvaro Antônio e Damares Alvares. A entrada na OCDE pode ser considerada a única “condecoração” internacional que resta ao Brasil. O país está em quarentena moral, ambiental, sanitária e econômica. Há alguns bônus no ingresso no “Clube dos Ricos”, tais como o acesso a estudos e comitês de debates avançados, ainda que o Brasil já participe da maior parte desses foros para troca e cooperação. Há questões também de ordem geopolítica.

O país entraria na OCDE de braços dados com os EUA, voz isolada no apoio formal à adesão do Brasil ao bloco, muito embora, na prática, até o momento os norte-americanos tenham feito muito pouco ou nada nessa direção. Em 2019, em visita ao Brasil, o secretário de comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, se encarregou das palavras de estímulo protocolares e os clichês de sempre. E nada mais ocorreu, além de encontros entre burocratas de ambos os lados. A indexação aos Estados Unidos no jogo político do organismo multilateral coloca o Brasil naturalmente alinhado aos interesses norte-americanos nas questões da diplomacia econômica contra a China.

O chanceler Eugênio Araujo ignora ruídos e possíveis rusgas. Diz que “a OCDE é importante para o Brasil, mas o Brasil é importante para a OCDE.” É quase um mantra. Donald Trump exige submissão e reconhecimento da supremacia do seu país. Um exemplo: Trump condicionou seu apoio à renúncia brasileira da condição de país em desenvolvimento junto à Organização Internacional do Comércio (OMC). Abrir mão desse status significaria perder o tratamento especial e diferenciado. Uma das implicações mais evidente é a eliminação da redução tarifária cobrada pelos países desenvolvidos membros da OMC na importação de uma constelação de itens – particularmente industrializados.

#Jair Bolsonaro #Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico #Paulo Guedes

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