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À primeira vista, a gestão Fabio Schvartsman ganhou o cabo de guerra com os funcionários da Vale. Segundo o RR apurou, os 12 sindicatos que representam os mais de 52 mil empregados da mineradora aceitaram assinar o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), colocando um ponto final no impasse que se arrastava há quase dois meses. Mas, ponto final, uma vírgula. De acordo com a mesma fonte, três dos maiores sindicatos pretendem questionar na Justiça a imposição da Vale para que os funcionários assinem anualmente uma declaração de quitação de débitos trabalhistas. A judicialização do imbróglio é a única rota de escape possível para os empregados da mineradora, obrigados a engolir a seco condições indesejáveis impostas pela direção da empresa.
O RR consultou a Vale, mas a companhia não se pronunciou até o fechamento desta edição. Os trabalhadores queriam 9% de reajuste salarial, mas a mineradora fez valer todo o seu peso à mesa de negociações e parou nos 6%. Empurrou ainda outras variáveis a contragosto dos sindicatos: reajuste de 3,8% no cartão alimentação – os funcionários pediam quase o dobro – e redução do adicional noturno de 65% para 45%.
Para se ter ideia do que isto significa, ressalte-se que quase metade dos empregados da empresa atua em regime de 24 horas. Por fim, a Vale apertou as regras referentes ao adicional de periculosidade. O valor extra só passará a contar a partir do vigésimo primeiro minuto de exposição do trabalhador a uma área de risco. Ou seja: durante 20 minutos, seja o que Deus quiser. Os tempos do “orgulho valeriano”, ao que tudo indica, ficaram no passado. A Vale “namoradinha” dos seus funcionários parece ter se transmutado em “madrasta má” na gestão de Fabio Schvartsman. O impasse nas negociações e a disposição dos sindicatos para o contencioso refletem o clima de tensão entre a Vale e seus funcionários. Hoje, a companhia acumula R$ 6,4 bilhões em passivos trabalhistas.
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