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No dia 23 de janeiro, precisamente às 10h40, em seminário no Rio de Janeiro, o Comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, olhando na direção dos generais Walter Braga Netto, chefe do Comando Militar do Leste, e Mauro Cesar Lourena Cid, chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, afirmou em caráter peremptório que uma intervenção militar fora dos ditames constitucionais não fazia parte do vocabulário das Forças Armadas. A mídia estava presente. Villas Bôas queria registrar a mensagem. A intervenção federativa no Rio já estava escrita 40 minutos antes do nada, como dizia Nelson Rodrigues. Até aquela data, duas GLO (Garantia da Lei e da Ordem) haviam sido ordenadas no Rio no governo Temer.
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O comandante Villas Bôas tem orgulho da sua instituição ostentar mais de 80% de credibilidade em pesquisas de opinião. As mesmas sondagens apontam uma população simpática a que as Forças Armadas assumam o governo federal, o que significaria a instalação de um regime militar. A hipótese é rechaçada com veemência pelo general.
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Em 4 de fevereiro, os ministros palacianos, liderados por um entusiasmado Moreira Franco, conforme anteciparia o RR no dia seguinte, davam tratos à bola, em torno da necessidade e da oportunidade do governo iniciar ações agudas na área de segurança, entre as quais um Ministério exclusivo para o assunto. Essas conversações foram conduzidas levando em consideração o interesse nacional e a importância de Temer criar uma nova narrativa eleitoral. O presidente é impopular ao extremo e a sociedade não reconhece seus esforços na área econômica. O “estadista da segurança” seria o achado para o Temer 2018.
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Coincidências à parte, é irresponsável afirmar que o general Villas Bôas tenha discutido a medida como uma luva que veste à perfeição nos planos de Temer e seu grupo. A intervenção foi imposta pela falta de alternativa: o governador Pezão jogou a toalha no chão. O Comandante é um dos melhores acontecimentos na vida pública do país em muitos anos e tem-se postado em defesa da democracia em todas as circunstâncias.
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Os cenários do Exército levam em consideração, com clareza, as consequências colaterais, psicossociais e políticas da decisão, tais como a tentativa de manipulação pelos radicais, que procurarão travesti-la de embrião de um golpe de Estado, assim como a eventual malversação da intervenção com objetivo de alterar o calendário eleitoral. O RR ouviu reiteradamente de fontes abalizadas que o Exército reagirá ao uso da sua atuação com finalidade política. Os militares sabem bem o risco que correm em ano de eleição.
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O general Eduardo Villas Bôas foi afirmativo sobre a importância do distanciamento da sua imagem no processo de comunicação da intervenção. Ele poderia ter participado da entrevista à imprensa. Mas a hipótese foi descartada desde o início. O general Braga Netto também pretende reduzir a individualização da sua participação no processo.
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O Exército não está confortável com a solução de troca da intervenção federal pelo dispositivo da GLO ampliada somente para votação da reforma da Previdência. A perspectiva é que o arranjo de suspensão temporário seja de acomodação, a reforma, adiada sine die e a intervenção, mantida até dezembro.
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O anúncio da intervenção provocou um tiroteio de informações desencontradas e se tornou território fértil para leviandades. Após a divulgação, circulou um texto atribuído ao Comando Militar do Leste com supostas diretrizes descritas sob termos desmedidos, tais como “Todas as comunidades onde existem milícias de narcotraficantes serão consideradas território hostil”, sendo autorizada uma ação de “forma contundente, ríspida e até mesmo com o uso de força letal”. O documento forjado foi prontamente desmentido pelo Serviço de Comunicação do Exército após consulta feita pelo RR.
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O Rio de Janeiro deságua no turbulento estuário da Nação. Estão embaralhadas a conquista da paz no estado, a manutenção da credibilidade dos militares e as ambições eleitorais de Temer. Os dois primeiros são efetivamente os pontos que interessam à Nação.
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