Nem vacina cura má fama de Bolsonaro no exterior

  • 20/01/2021
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Entre bolsões mais responsáveis do governo, é crescente a preocupação de que toda a celeuma criada por Jair Bolsonaro e o atraso no início da vacinação contra a Covid-19 contaminem ainda mais a imagem do Brasil no exterior. Autoridades de alto calibre temem manifestações de líderes internacionais e da mídia estrangeira contra o bate-cabeças da gestão Bolsonaro no momento em que o país enfileira recordes de infectados e mortos.

O exterior não tem perdoado o negacionismo e a ridicularização da ciência feitos por Bolsonaro. O governo recebeu sinais de que a Organização Mundial da Saúde (OMS) monitora o Brasil com especial interesse e cogita emitir algum tipo de comunicado contra as falhas na campanha de vacinação. Ressalte-se que já há precedente em manifestações de organismos multilaterais contra o governo Bolsonaro. Em dezembro passado, em uma mensagem nitidamente endereçada ao presidente brasileiro, o secretário geral da ONU, Antonio Guterres, criticou os países que “insistem em ignorar os alertas da OMS sobre a pandemia”. O próprio diretor-geral da Organização Mundial da Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, já rebateu declarações de Bolsonaro contra o isolamento social.

O Brasil já é visto como um pária pela comunidade internacional graças, sobretudo, a sua política para o meio ambiente. O descaso demonstrado por Bolsonaro durante a pandemia e, mais recentemente, o seu duelo contra a vacina só reforçam essa pecha. Sua postura tem sido alvo de críticas vindas desde líderes globais, como o presidente francês Emmanuel Macron, à própria mídia estrangeira. Em março, o New York Times classificou Jair Bolsonaro como “um risco à saúde dos brasileiros e da democracia”. No mesmo mês, o espanhol El País tachou Bolsonaro como o “pior entre todos os líderes sul-americanos”. O Le Parisien chamou o presidente brasileiro de “um ditador incompetente que estimula aglomerações de seus apoiadores”.

Ressalte-se que o tom tende a subir a partir de hoje, com a posse de Joe Biden e de Kamala Harris na Casa Branca. Chama a atenção o nome escolhido por Biden para o cargo de diretor-sênior do Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança: Juan Gonzales. Crítico do governo brasileiro, caberá a ele conduzir as negociações e assuntos ligados à América Latina. Se a reação internacional ficasse restrita ao escaninho da luta política e ideológica, vá lá. Há, no entanto, crescentes riscos de duras sanções contra o país. Reino Unido e Itália já proibiram voos provenientes do Brasil.

A própria Inglaterra, a exemplo da União Europeia, acena também com a suspensão de compra de produtos agropecuários brasileiros. Os colaboradores mais sensatos do governo brasileiro temem pelo presente e pelo futuro. A chiadeira internacional poderá ter impactos imprevisíveis sobre 2022. Em alguma medida, o exterior também é um eleitor da Presidência da República. Será o mundo contra Bolsonaro? Pode ser que sim.

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