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Nem tudo é o que parece ser no aporte de capital da Marisa

  • 31/05/2024
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Até quando a Lojas Marisa e a família Goldfarb caminharão juntas? A pergunta tem sido repetidamente ouvida dentro da própria empresa. Intramuros, o iminente aumento de capital de até R$ 550 milhões capitaneado pelo clã – antecipado pelo Pipeline, do Valor, em 18 de março – é visto como o “início do fim”. Ao contrário dos dois aportes realizados em 2023, que traziam no bojo uma reafirmação de confiança no negócio, desta vez o movimento dos Goldfarb é interpretado como uma antessala para a venda de parte das ações ou mesmo do controle da rede varejista. No entorno da família, surgem aqui e ali informações sobre conversas com fundos de private equity, entre eles uma gestora brasileira com participações no varejo. Há quem chame a atenção também para a proximidade entre os Goldfarb e o BTG. Em outubro do ano passado, em meio a outro momento de estiagem financeira na Marisa, o banco de André Esteves liberou um empréstimo de R$ 65 milhões.
A família Goldfarb teria se comprometido a subscrever pelo menos R$ 195 milhões dos R$ 550 milhões a serem injetados na Marisa, seja por meio de uma oferta primária de ações, seja por um aumento de capital privado.
Os motivos para o novo aporte se misturam. A capitalização atende à necessidade de reequilibrar minimamente o caixa para honrar compromissos de curto prazo. Ao mesmo tempo, a arrumação da casa é tratada como algo indispensável para uma eventual operação de M&A mais à frente. Na atual situação, a família Goldfarb teria pouco poder em uma mesa de negociações. No setor, existem relatos de que a Marisa enfrenta dificuldades para cumprir prazos de pagamento a fornecedores, inclusive com pedidos de adiamento.
Nas últimas semana, a empresa chegou a recorrer ao seu próprio braço financeiro, o MBank, para quitar obrigações financeiras e antecipar recebíveis a parceiros comerciais. Procurada pelo RR, a Marisa não quis comentar o assunto. Reduzir a participação nunca esteve nos planos dos Goldfarb, fundadores da Marisa. Muito menos se desfazer do controle. No entanto, a realidade parece empurrar a família para fora do negócio. É como se o clã, notadamente Márcio Goldfarb, o mais proeminente acionista, estivesse sentado sobre uma pedra de gelo. Em meio a uma reestruturação em looping, que já se arrasta há quase dois anos, a empresa não consegue afastar a sensação de que está lentamente derretendo.

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