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O Banco Central pensa, matuta, reflete e não sabe bem o que fazer com a caderneta de poupança. Essa modalidade de investimento está secando simplesmente. Para se ter uma ideia do problema, as cadernetas amargam o sétimo semestre consecutivo de saldo negativo. Entre janeiro e junho deste ano, os saques superaram os novos depósitos em R$ 2,8 bilhões. Em parte, os juros elevados, com uma projeção de 3% da taxa Selic acima da TR, explicam.
Mas há outras motivações, além da realocação para aplicações mais rentáveis, tais como a corrida para o pagamento dos empréstimos e dívidas. Com o aumento do emprego, a população que ingressou no mercado de trabalho se sentiu segura para tirar aquele dinheiro aplicado na poupança. E sacou os recursos para pagar os passivos, que iam crescendo como uma bola de neve. Pode ser também que esse seja um processo de erosão natural.
Durante anos, a poupança foi considerada a aplicação do pobre, sempre oferecendo uma rentabilidade menor do que as demais opções do mercado. Pode ser que a educação financeira esteja mudando isso. Hoje, um investimento de renda fixa oferece um retorno 50% superior ao da caderneta.
O fato é que elas já tiveram uma dimensão tão grande a ponto de os bancos brincarem sobre a possibilidade de o BC fazer política monetária com as cadernetas. Foi-se o tempo. As instituições financeiras já perceberam que essa erosão pode ser permanente: a exemplo do Santander, que saiu na frente, estão criando fundos imobiliários para atraírem os poupadores em fuga. Pode acontecer que um dia, não muito mais à frente, as cadernetas fiquem na memória da população assim como os selos e flâmulas. Sem uso, além das lembranças.
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