Montadoras pressionam governo Bolsonaro por acordão no Mercosul

  • 8/10/2019
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As montadoras pressionam o governo Bolsonaro a acelerar as tratativas para a inclusão do setor no acordão do livre comércio do Mercosul. A indústria automobilística corre contra o relógio: o inimigo é o calendário eleitoral argentino. A premissa é que qualquer negociação multilateral neste sentido será ainda mais difícil a partir de 10 de dezembro, quando a dupla Alberto Fernández e Cristina Kirchner deverá tomar posse na Casa Rosada. O ritmo de reuniões entre os dirigentes do setor e o governo é intenso. Os dois encontros mais agudos ocorreram no espaço de uma semana: no dia 13 de setembro, o presidente da GM Americas e da GM América do Sul, respectivamente Barry Engle e Carlos Zarlenga, estiveram com o ministro Paulo Guedes.

Poucos dias antes, a cúpula da Anfavea havia se reunido com o ainda secretário da Receita Federal, Marcos Cintra. Do lado brasileiro, a maior pressão, segundo o RR apurou, vem da Volkswagen. A companhia tem sido uma das mais afetadas pela retração das exportações para a Argentina, o grande mercado comprador de automóveis brasileiros. Entre janeiro e agosto, suas vendas para o pais vizinho acumularam uma queda de quase 50% em comparação ao mesmo período do ano passado. Como consequência direta, a Volkswagen dará férias coletivas, a partir de 2 de dezembro, a três mil trabalhadores nos dois turnos da fábrica de São Bernardo do Campo.

De acordo com a fonte do RR, a montadora já acenou ao governo com o risco de um PDV no início de 2020 caso não haja uma recuperação das exportações. No mês passado, Brasil e Argentina renovaram seu acordo automotivo, que venceria em meados de 2020 e foi estendido até 2029. Entre o possível e o ideal, prevaleceu a primeira hipótese. O tratado foi uma solução-tampão, algo feito no afogadilho pelos dois países justamente para se antecipar à iminente derrota eleitoral de Mauricio Macri. A escala progressiva prevista no acordo estabelece que o livre comércio de veículos entre os dois países se dará apenas em 2029. As montadoras brasileiras, grandes exportadoras do Mercosul, consideram que esse futuro demora muito ainda.

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