Monopólio de dados e corte de investimentos minam defesa cibernética no Brasil

  • 12/02/2021
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O governo está muito mais preocupado do que diz com o vazamento sistemático de dados públicos e pessoais. O Brasil é hoje uma República hackeada, uma presa fácil para cibercriminosos. Dentro do próprio Palácio do Planalto, a percepção é que as condições de defesa cibernética do Estado brasileiro e de seus cidadãos têm se deteriorado de forma acelerada. O RR apurou que a questão está sendo motivo de intensas discussões dentro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE), sob comando do almirante Flavio Rocha.

Uma questão que divide os diversos participantes desse debate é a crescente centralização dos dados dos cidadãos brasileiros nas mãos do governo. O monopólio acaba sendo um estímulo a hackers – ver RR de 23 de outubro de 2020. Qualquer invasão de uma base tão concentrada dá acesso a uma imensidão de dados dos brasileiros. Os cibercriminosos agradecem. Em um dos vazamentos recentes, cuja procedência ainda é investigada pela Polícia Federal, mais de 220 milhões  de CPF ficaram expostos.

Outro facilitador dos seguidos ataques cibernéticos no Brasil é a falta de investimentos maciços do governo no setor. A gestão Bolsonaro tem capado projetos na área de Defesa. Especificamente no segmento de segurança cibernética os gastos públicos são ínfimos. No ano passado, o governo Bolsonaro destinou algo em torno de R$ 20 milhões para as ações previstas na Política Nacional de Defesa Cibernética, apenas um terço do valor recomendado pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Congresso – R$ 60 milhões, por si só um número já raquítico. Para efeito de comparação – se é que dá para comparar -, o governo norte-americano destinou mais de US$ 17 bilhões para segurança cibernética em 2020.

O almirante Flavio Rocha é um nome talhado para a dura missão de combater os seguidos ataques cibernéticos no Brasil. Um dos assessores mais próximos de Jair Bolsonaro, Rocha tem se tornado uma figura cada vez mais importante dentro do Palácio do Planalto. Discreto e extremamente bem preparado, o almirante vem concentrando um crescente espectro de atribuições no governo. Rocha tem acesso irrestrito ao gabinete de Bolsonaro e costuma participar de quase todas as reuniões estratégicas no Palácio. Trata-se do homem certo no lugar certo e disposto a enfrentar o maior criminoso que ameaça todos os brasileiros. Mas, por favor, deem dinheiro a ele. Não deixem que uma ação de tamanha importância caia na vala dos cortes de gastos comuns.

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