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Lula quer uma saída para a inflação de alimentos que não sejam promessas em linguajar econômico e sem data para que os efeitos comecem a ser sentidos nos supermercados. Ontem, o presidente explodiu. A pressão sobre Fernando Haddad é grande. E para não variar tem o apoio adverso de sempre do ministro Chefe da Casa Civil, Rui Costa, para quem a popularidade do presidente é mais importante do que propostas de menor impacto macroeconômico, parafiscais, microeconômicas etc.
A saída mais fácil seria pelos subsídios aos alimentos direto nas gôndolas dos supermercados. Tenha ou não um maior impacto fiscal, o mercado vai crucificar Haddad de qualquer forma, dizendo que a iniciativa piora o orçamento e dificulta o equilíbrio das contas públicas. Aliás, tudo que não sejam propostas ortodoxas vai dificultar o equilíbrio das contas públicas.
Subsidiar diretamente os supermercados até já foi pensado por Paulo Guedes, mas representaria uma transferência de renda para um dos oligopólios do país.
Esperar o aumento da oferta em função da melhor safra e, portanto, a queda dos preços, é esperar Godot. Importar os produtos alimentares até poderia ser uma boa ideia. Mas, em um momento em que o país bate o recorde de queda do fluxo cambial, o saldo da balança comercial desaba e o governo está queimando reservas, trata-se de uma medida pouco prudencial.
Até porque o Boletim Focus de ontem jogou o câmbio em 2025 e 2026 para R$ 6,00. Conceder uma cesta de alimentos também merece aparos. Se isso for adotado agora, nunca mais governo nenhum conseguirá retirá-la, a exemplo do Bolsa Família. É um corner econômico danado e um incomodo político para o Palácio do Planalto que já está passando do limite.
É aguardar o que vai ser oferecido a Lula, porque esse não parece ser um daqueles problemas que se deixa escorrer pela mente ou simplesmente se esquece como prioridade – o que, aliás, é o que mais tem acontecido no atual governo.
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