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O RR acompanha com lupa o que pode vir a ser uma reviravolta na atuação de Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles. Segundo uma fonte encrustada nas conversações, o trio discute uma guinada na direção de negócios padrão ESG. O que se avalia intramuros é vincular praticamente todos os futuros investimentos a atividades econômicas e empresas com notório compromisso socioambiental. Seria uma forma de adequação ao novo cenário global, em que os mercados estão cada vez mais punitivos a negócios prejudiciais ao meio ambiente e ao social. De acordo com a mesma fonte, Lemann, Sicupira e Telles partiriam para um processo de higienização do seu portfólio, medida que poderia levar à diluição de participações societárias ou mesmo à saída do capital de algumas de suas empresas.
Na linha de tiro, estariam negócios como Burger King e Kraft Heinz – há poucas coisas menos saudáveis do que um hambúrguer encharcado de ketchup. Ressalte-se que, em março, Lemann deixou o Conselho de Administração da Kraft Heinz. Em sua origem, a montagem dos negócios em cerveja/refrigerante, hambúrguer e ketchup foi considerada um primor de sinergia. Hoje, esse mosaico é tido como o “padrão podre” do meio empresarial. E vai piorar. Esses setores podem até não figurar entre os grandes emissores de carbono. Mas, do ponto de vista da letra “S” de ESG – ou seja, do social -, são imbatíveis em produzir o mal. Até porque não há compensação dos danos causados à saúde humana.
O mal que se faz é o mal que fica. De alguma forma, os negócios e o perfil de investimentos da tríade já passam por um processo de reinvenção. O caso mais representativo talvez seja a entrada de Jorge Paulo Lemann e de Marcel Telles no setor de educação, por meio do Gera Venture Capital. A Eleva, controlada pelo fundo, se tornou um dos maiores consolidadores do setor. Neste momento, de acordo com a fonte do RR, Lemann, Sicupira e Telles analisam negócios pautados por uma pegada de responsabilidade socioambiental. Um exemplo: os três investidores teriam interesse em participar da privatização da Eletrobras. Ressalte-se que eles já mantêm uma posição acionária na estatal (10% das preferenciais), por meio da gestora 3G Radar.
Cabe lembrar ainda que Sicupira é dono também de 9,9% da Light. Como se sabe, quando um dos “Lemann Brothers” finca sua bandeira em algum negócio, os outros também estão presentes, ainda que não de forma explícita. Com um pé na Eletrobras e outro na Light, Lemann e cia. poderiam criar um cinturão verde, com foco na produção de energia limpa, o que incluiria a construção de uma série de Pequenas Centrais Hidrelétricas. Em outro front, os três investidores estudam também projetos de produção de gás metano a partir da decomposição de resíduos orgânicos. O RR enviou uma série de perguntas para a 3G Capital, holding que reúne os negócios do trio, mas a empresa não se pronunciou.
Nesse puzzle de ativos padrão ESG que Jorge Paulo Lemann e seus sócios podem vir a montar, há uma peça de difícil encaixe: a InBev, cujos produtos causam ainda mais estragos à saúde do que os da Kraft Heinz ou do Burger King. A cervejeira tem feito esforços para se tornar uma empresa menos maléfica. Já anunciou a meta de reduzir suas emissões de carbono em 25% até o ano de 2025. Nesse mesmo intervalo, vai investir cerca de US$ 1 bilhão em campanhas para reduzir o consumo nocivo de álcool. Contudo, é difícil remover a pecha de “não saudável” de uma corporação com mais de 80% de sua receita proveniente da venda de bebidas alcoólicas.
Trata-se de um “passivo” que talvez tenha de ser carregado por Lemann devido ao tamanho a que InBev chegou. No entanto, em um esforço de “descontaminação” da sua carteira de investimentos, o empresário e seus sócios poderiam, por exemplo, buscar alguma fórmula de diluição da sua participação societária entre fundos. Seria um dos últimos negócios “pecaminosos” de Lemann e cia. em meio a um colar de investimentos balizados pelo padrão ESG.
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