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A criação do Centro de Inteligência Nacional na Abin foi recebida dentro da Agência como mais um mau trato de Jair Bolsonaro. O sentimento entre o próprio efetivo é que a real intenção de Bolsonaro não é revigorar a instituição, mas, sim, inaugurar um Serviço de Inteligência para si próprio e sua família. A implantação do Centro de Inteligência está longe de resolver os graves problemas da Abin.
Não há previsão de aumento da dotação orçamentária e de repasse adicional de recursos para investimentos no aparelhamento da Agência. Estima-se que a instituição precisaria de aproximadamente R$ 1 bilhão por ano, cerca de 70% a mais do que a verba atual, para reduzir seu gap tecnológico. Da mesma forma, não está claro de onde sairá o dinheiro para cobrir os cargos comissionados que serão criados com o advento do Centro de Inteligência.
E muito menos os critérios que serão usados para a montagem dessa tropa de elite. Na Abin, o receio é que boa parte dos eleitos venha de outros órgãos do aparelho de Estado – ou pior, do próprio gabinete do ódio – em detrimento dos agentes de carreira. Poucas instituições vinculadas a uma área estratégica foram tão espezinhadas por um governo quanto a Abin na era Bolsonaro. A reunião ministerial de 22 de abril é emblemática quanto à falta de apreço do presidente pela entidade. Na ocasião, Bolsonaro esculhambou a Agência, disse que não era informado sobre nada e admitiu recorrer a um “serviço particular” de Inteligência. Talvez tenha decidido institucionalizar o processo, usando a Abin como um mero casulo.
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