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Fernando Haddad, Gleisi Hoffmann, Jaques Wagner, Manuela D’Ávila, demais petistas e companheiros de viagem que compõem os estado maior e menor da campanha antiprisional do companheiro Lula: a palavra de ordem é um “psiu” tonitruante sobre o indulto do ex-presidente. O perdão de Lula é o verdadeiro mote de qualquer um dos seus “postes”. Mas um mote não dito, quiçá proibido. A revelação desse obsessivo desejo deixará a campanha desnuda.
O indulto não deve ser dito; se dito, não deve ser comentado; se comentado, não deve ser confirmado; nem como intenção distante. O assunto é tratado com cadeado porque Lula cultiva o dilema de Tostines: não pode ser indultado porque não é culpado. Se aceitar o perdão presidencial, estaria concordando que não é inocente. No último domingo, durante a reunião de emergência que sancionou Haddad como vice e “poste”, simultaneamente, Lula falou cinco vezes sobre o tema, conforme inconfidência feita pelo ex-prefeito junto a interlocutores.
A liberdade de Lula conquistada sob a forma de um simulacro do perdão papal escrito na Carta Magna transforma qualquer diretriz ou programa do PT e das oposições em um plano hierarquicamente inferior. Não é difícil imaginar a influência de Lula livre e solto em um governo do “poste”. Adivinhe quem vai governar de fato? A agenda do indulto de Lula traz na cauda do cometa o indulto de José Dirceu e a realidade fantástica da recomposição do PT guerreiro, radical e ameaçador do sistema.
O indulto é um tema proibitivo para todos os candidatos de esquerda. Ciro Gomes, Guilherme Boulos e Manuela D ´Ávila arriscaram alguns passos de dança sobre o assunto. Lula desautorizou todos. Não há nada que apavore mais o sistema do que Lula livre, pairando acima da Justiça. O líder do PT sabe que, se essa cartada for dada antes da hora, ele cinde o país. A lenda Lula, em um recado que já se tornou um mantra, não admite – da boca para fora – ser indultado. Ele aceita sua liberdade se for reconhecido inocente. Conversa para boi dormir. Lula quer ser indultado na hora certa, um tempo quase científico. Ninguém que não seja ingênuo na acepção mais profunda da palavra acredita que, na hipótese de vitória de um candidato da esquerda, o indulto não emergirá de um caldeirão de lava fervente despejado pelo próprio Lula. Trata-se de uma teoria irrefutável e não indultável.
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