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O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, vai enterrar o seu passado de “hawkish”. Ele resistiu o quanto pode a reduzir os juros quando diversos economistas já davam como favas contadas que a inflação desabaria. Goldfajn venceu a queda de braço com seus críticos. Foi festejadíssimo na medida em que o IPCA desceu pela primeira vez abaixo do piso da meta, o que pode ser bom por um ângulo – a folga para praticar juros mais baixos no decorrer do ano e o aumento do poder de renda da população – e ruim por outro – confirma que o déficit nominal poderia ser menos pressionado com uma Selic reduzida há mais tempo e uma recessão e desemprego menores. Assim é, se lhe parece.
O RR conversou com um amigo de Goldfajn, que costuma ler os pensamentos do presidente do BC. Ele diz que vem aí uma queda firme dos juros, provavelmente dividida em duas ou três reuniões do Copom. O BC estaria considerando que tem gordura para queimar (o IPCA previsto pelo boletim Focus, divulgado ontem, foi de 3,98%), a despeito das eventuais tensões eleitorais e da ameaça de novidades da Lava Jato.
O risco externo, com um aumento maior dos juros norte-americanos, também estaria bem digerido no cenário de uma Selic reduzida. A taxa básica, hoje de 7,25%, terminaria o ano em 6,50%. Curiosamente, o Focus de ontem publicou uma projeção dos top five de uma Selic entre 6,75% e 6,50%, para uma mediana de 6,75%, em 2018. Como sempre os percentuais levam um componente de “achismo”. Mas a tendência de um Goldfajn “dovish” parece ser um consenso. A fonte do RR garante que o declínio da Selic não tem nada a ver com o calendário eleitoral. “O Ilan já deu provas que está descolado das influências da área política.”
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