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A HIG Capital, ao que parece, cansou de buscar um remédio caseiro para as dores da Kora Saúde. Segundo o RR apurou, a gestora norte-americana, dona de US$ 60 bilhões em ativos, tem feito movimentos no mercado para vender uma fração ou mesmo toda a sua participação acionária (62%) na empresa, uma das maiores redes hospitalares do país. De acordo com fonte próxima à companhia, há conversas com a Rede D´Or, sinônimo de consolidação no setor de saúde no Brasil, com suas 17 aquisições desde 2020. Ressalte-se que o grupo costuma pagar parte dessas operações em ações. Foi assim na compra da Sul América, que deu à família Larragoiti um pedaço de 3,7% do Grupo D´Or. Este pode ser um chamariz para a HIG, que trocaria a posição de acionista majoritária de uma companhia com 17 hospitais e faturamento de R$ 2,3 bilhões por ano por um cluster societário no maior conglomerado de saúde do país, caso da Rede D´Or, com seus mais de 70 hospitais e receita anual acima de R$ 45 bilhões. Seria uma forma de a gestora norte-americana compensar o prejuízo com o desinvestimento na Kora Saúde. Desde o pico histórico da ação, em agosto de 2021, a empresa derreteu nas bolsas. Perdeu 91% do seu market cap, hoje em torno de R$ 510 milhões. O desempenho da companhia tem frustrado os investidores. No ano passado, o prejuízo chegou a R$ 158 milhões, 67% maior do que as perdas registradas em 2022. Procuradas pelo RR, IHG e Kora não se pronunciaram. Também consultada, a Rede D’Or informou que “não comenta especulações de mercado”.
A Kora também cresceu nos últimos anos, mas com efeitos colaterais. As dez operações de M&A deixaram como sequela um elevado e preocupante nível de alavancagem. A dívida de curto prazo, em torno de R$ 1,9 bilhão, equivale a 3,9 vezes o Ebitda. A conjuntura não ajudou. Em 2020, quando a Kora iniciou seu ciclo de aquisições, a Selic estava em 4,25% No fim de 2022, quando a temporada de incorporações terminou, a taxa de juros já era de 13,75% ao ano. Não é a primeira vez que a Kora Saúde ensaia uma operação de M&A. Há cerca de dois anos, de acordo com a mesma fonte, a empresa chegou a trocar figurinhas com o Mater Dei, rede hospitalar de Minas Gerais, para uma fusão. Mas as conversas não avançaram.
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