Economia

Governo monitora o humor do mercado em relação ao arcabouço fiscal

  • 4/04/2023
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O governo está medindo diariamente a temperatura do mercado em relação ao anúncio do novo arcabouço fiscal. É como se tivesse criado o seu próprio Boletim Focus. A equipe econômica tem feito sondagens junto a bancos e grandes assets com o objetivo de aferir a receptividade às medidas divulgadas na semana passada. Os resultados até o momento revelam que as novas regras ainda não foram digeridas pelo mercado. A percepção é que a leitura dos agentes financeiros é eivada de ressalvas e desconfiança. A preocupação do governo pode ser resumida numa frase – segundo o RR apurou – dita pelo secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galipolo, em conversa com outros membros da equipe econômica: “Teremos de explicar mais, mais e mais”. Ressalte-se que Galipolo é egresso do mercado. Ele foi presidente do Banco Fator. Entre os assessores de Haddad, talvez seja aquele com maior capacidade de decodificar as mensagens e humores da Faria Lima.

A preocupação de Fernando Haddad e de seus quadros é amainar o pé atras do mercado antes do anúncio das mordidas tributárias. Não se sabe onde exatamente o governo vai cravar seus caninos; mas está dado que isso acontecerá. As propostas de gravame anunciadas até agora não dão nem para a saída. Por exemplo: segundo estimativas da própria Fazenda, a tributação do e-commerce e das apostas eletrônicas vão gerar uma arrecadação de até R$ 23 bilhões por ano, ou seja, não mais do que 15% dos R$ 150 bilhões em receita extra que o governo terá de arrumar para cumprir a nova regra fiscal. 

As percepções captadas pela equipe econômica se refletem na cobertura jornalística. Por meio de uma ferramenta de busca, o RR verificou o sentimento expresso na mídia, que, na prática, em grande medida reproduz o discurso dos agentes financeiros. Entre quinta-feira e ontem, às 20h35, os 30 maiores veículos do êxito Rio, São Paulo e Brasília haviam publicado 1.372 citações ao novo arcabouço fiscal. Termos como “pessimismo”, “preocupação”, “incerteza”, “temor” e “desconfiança” apareceram em 21,1% das citações. Por sua vez, expressões como “otimismo”, “confiança” e “reação positiva” foram identificadas em apenas 15,2% das matérias. Trata-se de uma análise de sentimento absolutamente em cima de números, sem rigor científico. De toda a forma, sugere que o governo terá que gastar mais saliva para convencer o mercado. 

#arcabouço fiscal

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