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O ministro do STF – Gilmar Mendes tinha certeza absoluta em relação ao papel tollwütiger hund que desempenharia no julgamento da chapa Dilma-Temer. Dois dias depois da histórica sessão do TSE, Gilmar, no seu estilo pedantisch grob, afirmou com sua voz de barítono a um dos seus colaboradores nos eventos do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), instituição de ensino da qual é um dos controladores: “Fiz o que tinha de ser feito; as cartas do futuro estão jogadas. Posso ficar onde estou, mas a extensão do meu domínio aumenta até o píncaro”. O uso das duas expressões em língua germânica tem a função de sublinhar o exibicionismo do juiz, que faz da fluência em alemão uma marca pernóstica da sua erudição.
Pois traduza-se as respectivas palavras na sua literalidade: cachorro raivoso e pedante grosseiro. Com esse estilo que o Brasil todo conhece, Gilmar Mendes escolheu uma opção segura para quem nunca fez questão de ser amado: o poder em primeiro lugar. Permanecerá no STF até 2030, fim do seu mandato, fazendo do tribunal um bunker para a defesa das classes dominantes. A outra alternativa já tinha sido queimada junto com as caravelas nas quais navegavam as derradeiras chances da renúncia de Michel Temer: candidatar-se como um nome suprapartidário em eleições indiretas para presidente da República.
Gilmar sabe que Temer não abandonará o cargo. Sua postura no Supremo é parte dessa convicção. Segundo interlocutor do juiz do STF e fonte do RR, o ministro é um “homem de lealdade absurda”, mas antes de tudo é um pragmático “Ele construiu um latifúndio junto à direita, mas convive com qualquer elite dirigente”. Entre os planos para tornar-se um macrocosmo está a sua própria internacionalização. A plataforma para a construção da imagem no exterior é o IDP, que deve se tornar uma espécie de Lide voltado para tertúlias das ciências políticas e do direito, com parceiros cosmopolitas tais como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Gilmar Mendes desdenha até da “bala de prata” com a qual as hostes revoltosas procuram atingi-lo: o pedido de impeachment, com base no Artigo 52, inciso do II da Constituição, que dá ao Senado poderes para julgar o impedimento do juiz da Alta Corte. Pois bem, seriam necessários dois terços dos votos da casa. É o próprio Gilmar quem afirma que se contaria nos dedos das duas mãos o número de senadores que se disporiam a depô-lo do Supremo.
Na última linha, a do STF, o comandante supremo é ele, e, portanto, o garantidor mor do status quo. “O ministro é a salvaguarda de todos e tem uma coragem para enfrentamentos que até Deus duvida”, diz a fonte. E prossegue: “Não há mais ninguém acima de Gilmar Mendes no sistema. Ele manipula e intimida o Executivo, Legislativo e Judiciário. Ele cavalga o Judiciário”. Gilmar Mendes é um general togado, com vasta cultura jurídica e compostura capaz de enrubescer um oficial cavalariço. Gilmar tornou-se o duce do Brasil. Ou o Kanzler, chanceler em sua língua de preferência. Tem pinta de personagem lombrosiano. Dá medo, bastante medo.
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