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As atenções do varejo farmacêutico estão voltadas na direção da Drogaria Pacheco São Paulo (DPSP). O mercado busca interpretar o impacto do falecimento do empresário Samuel Barata, no último dia 22 de abril, sobre o futuro da companhia e do próprio setor. Há um entendimento de que a perda do mais relevante e influente acionista da DPSP abre caminho para um redesenho societário ou mesmo a venda da segunda maior rede de drogarias do Brasil. No varejo é voz corrente que, já há algum tempo, a ideia povoa a mente de alguns dos acionistas da empresa, mas qualquer avanço nesse sentido sempre esbarrou na objeção de Barata.
Consta que a Femsa, um dos maiores players do comércio farmacêutico no México, tentou furar esse bloqueio, sem sucesso. Emissários da cearense Pague Menos, do empresário Deusmar Queiróz, também sondaram os acionistas do grupo sobre uma possível associação, igualmente sem êxito. No setor, há quem enxergue em ambos disposição para uma nova investida, caso as portas da DPSP se abram para um M&A. No caso da Pague Menos, por exemplo, uma eventual combinação de ativos deflagraria uma importante rearrumação das prateleiras do setor. Juntas, as duas redes deixariam para trás a atual líder do mercado, a Raia Drogasil, chegando a mais de 2,5 mil lojas e receita anual superior a R$ 22 bilhões. Procurada, a DPSP informou que “não comenta rumores de mercado”.
As conjecturas sobre o amanhã da DPSP passam também, e principalmente, pelo ambiente interno. No setor, a ausência de Samuel Barata é vista como um risco ao sensível equilíbrio do pH societário da empresa. A fusão das drogarias Pacheco e São Paulo, em 2011, criou um território único, mas não necessariamente unificado. Há uma linha imaginária – ou nem tanto – que corta a companhia. De um lado, estão os herdeiros de Barata, originalmente sócios da carioca Pacheco, com 54% do capital; do outro, os investidores egressos da São Paulo, que, somados, respondem pelos 46% restantes.
Entre estes últimos, existe ainda um subgrupo, a família Carvalho, com 38%, encabeçada por Ronaldo Carvalho. Ao todo, em maior ou menor dosagem, são mais de 20 donos. Os relatos daqueles que conhecem bem o grupo dão conta de discordâncias que, de uma forma ou de outra, sempre acabaram sublimadas pela presença imponente de Samuel Barata. Mesmo a hipótese de uma fusão ou negociação do controle está longe de ser um consenso. Há focos de resistência entre os próprios herdeiros de Barata. Seria necessária uma química fina para atender a interesses cruzados dos acionistas, do valuation do ativo à partilha dos recursos amealhados.
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