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Fundo árabe tem fome de Brasil e mira a compra de áreas para plantio de grãos

  • 27/06/2024
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  1. O Brasil está se consolidando como o grande supridor alimentar da Arábia Saudita. A informação que brota no Ministério da Agricultura é que a Salic (Saudi Agricultural and Livestock Investment Company) pretende investir na compra de terras no país para o plantio de grãos, notadamente soja e milho. O fundo já teria mapeado áreas no Centro-Oeste e no Maranhão e Piauí, que ao lado de Tocantins e Bahia formam o quadrilátero agrícola conhecido como “Matopiba”.

O investimento se consumaria por meio da associação com investidores e empresas nacionais, uma forma de contornar as restrições legais à aquisição de terras por estrangeiros. Por razões nada alvissareiras, o mercado está ofertado. A safra de recuperações judiciais no agronegócio abre caminho para a Salic fincar participações acionárias em grupos do setor com uma considerável carteira de propriedades rurais.

A título de exemplo: a Elisa Agro, que entrou em RJ com um passivo superior a R$ 600 milhões, dispõe de sete mil hectares já irrigados, além da possibilidade de agregar mais 10 mil hectares a partir de opções de arrendamento. Ainda que a principal motivação seja escapar das amarras impostas pela Lei 5.709/71, que regula a propriedade de terras no Brasil, a entrada no capital de empresas agrícolas seria uma repetição da estratégia já adotada pela Salic na cadeia de proteína animal. O fundo árabe tem participações estratégicas na Minerva Foods e na BRF, na qual aportou, ao lado da Marfrig, cerca de R$ 4,5 bilhões no ano passado.

A disposição da Arábia Saudita em ampliar seu arco de investimentos na agroindústria brasileira pautou a visita do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, e do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ao país no início deste mês. Entre outros compromissos, ambos estiveram reunidos com o ministro de Investimentos, Khalid Al Falih, a quem, ao menos formalmente, estão subordinados a Salic e seu controlador, o FIP, fundo soberano do país – na prática, essa estrutura de mais de US$ 1 trilhão em ativos é comandada diretamente pelo príncipe Mohammed bin Salman. Em março, foi a vez de uma comitiva de executivos da Salic visitar áreas agrícolas do Brasil. A Arábia importa aproximadamente 80% dos alimentos que consome.

O Brasil já tem uma fatia considerável desse mercado, notadamente como o grande fornecedor de proteína animal, respondendo por quase 50% da carne bovina comprada por aquele país. A dupla presença na BRF e na Minerva é um fator preponderante para essa expressiva fração. Há ainda um grande espaço de crescimento em outros segmentos, como grãos. Investir em terras é um movimento visto como estratégico pelos árabes para assegurar o fornecimento de proteína vegetal em maior escala. Pelo mesmo motivo, desde o ano passado, a Salic negocia com o governo brasileiro uma parceria para recuperar até 40 milhões de hectares de área de pastagens e convertê-las em terras para plantio.

#Ministério da Agricultura #Salic

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