Fratricídio dos Safra: uma história que se repete

  • 31/10/2019
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O ex-CEO e atual integrante do Conselho do Banco Safra, Carlos Alberto Vieira, está entre a cruz e a espada. Ele viu os três “meninos”, os irmãos Alberto, Jacob e David, crescerem, enquanto era braço direito de Joseph e Moise, donos do conglomerado bancário. Vieira vai ter de fazer uma escolha entre os garotos. Alberto e David são filhos de Joseph, que praticamente forçou o irmão Moise a deixar o banco em uma manobra que contou com o forte apoio de Alberto.

Uma história que mistura Othelo, Hamlet e Ricardo III. Na ocasião, Vieira escolheu Joseph. O Safra, em comunicado oficial, colocou panos quentes sobre o caso, afirmando que está tudo muito bem entre os sócios. Exatamente como fez quando da contenda entre Joseph e Moise. Basta procurar o report na ocasião para constatar a semelhança; parecem fotocópias. De certa forma, a narrativa se repete com contenda entre os irmãos na segunda geração. Alberto, o então presidente do Safra, deixou a instituição financeira para tocar seus negócios.

Impossibilitado por problemas graves de saúde de arbitrar a odienta disputa, Joseph é forçado a assistir ao replay da operação que o levou ao poder absoluto, com menos requintes de som e fúria. Alberto Safra vai abrir outra instituição com o mesmo sobrenome. Tendo uma carteira de contatos e clientes pessoa jurídica e, portanto, carregando consigo uma jazida mais valiosa do que a área de pessoa física de David, já está escrito que Alberto forçará o irmão a vender sua parte – o outro irmão, Jacob, toma conta da área externa, onde se destacam as praças norte-americana e a de Mônaco. Inicialmente os dois manos vão disputar o segmento de internet banking, cada um voltado para sua área de interesse. A maquinação de Alberto, que precipitou a saída do banco, é igual à que foi feita por Joseph, criando o quase homônimo banco J.Safra, bem na calçada em frente ao Banco Safra, para imprensar Moise.

É questão de aguardar onde Alberto vai abrir o seu “Banco Safra”. Mas o que Carlos Alberto Vieira tem a ver com essa história? Ele é objeto de cobiça entre os garotos, devido ao conhecimento intestino do Safra e a pretensa capacidade de influenciar os conselheiros a manterem ou trocarem seus lados. Algumas decisões já foram tomadas. O presidente do Safra, Rossano Maranhão, optou por seguir com Alberto. Maranhão é quase uma garantia de que o futuro Safra manterá uma operação bancária clássica, a despeito das aventuras na internet. Do lado oposto, David reteve o conselheiro Alberto Corsetti, também móveis e utensílios do “Safrão” e elevou-o à posição de CEO do banco.

Se for para fazer uma aposta, vale cravar em uma aliança sibilina entre Vieira e Alberto. Os dois têm mais em comum. Essa fábula bancária de Caim e Abel, repaginada para o Século XXI, teria começado com divergências por ocasião das discussões sobre a compra do Citi, que foi adquirido pelo Itaú. De lá para cá os dois rosnaram um para o outro. Agora, a batalha se desenrolará inexoravelmente. Seu epicentro são os negócios bancários online. Uma versão eletrônica e cibernética do que foi a guerra entre os Safra da geração anterior. Os velhos clientes da comunidade judaica já devem ter feito sua escolha. Seja David, seja Alberto, seja Jacob, essa carteira os Safra não perdem jamais.

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