FHC é o maior conspirador da República

  • 2/05/2019
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Fernando Henrique Cardoso é igual ao vinho: quanto mais o tempo passa maior a sua capacidade de fazer da política a arte da intriga e da conjuração. FHC não para de conspirar. No momento seu alvo é o governo Jair Bolsonaro – nas suas próprias palavras,alguém que não nasceu para ser presidente da República. O ex-presidente está a mil por hora. No próximo dia 14 de maio, por exemplo, vai se reunir com o presidente da Força Sindical, Miguel Torres. A aproximação não é um ato isolado nesse universo: estão sendo costurados encontros com outras lideranças da área sindical. FHC também conspira para empurrar o PSDB para a esquerda.

Na semana passada, teve uma longa conversa com Ciro Gomes. Pelas costas, como se sabe, os dois se desprezam. FHC conspira com Gilmar Mendes, velho parceiro de maledicências. Ambos chegam a ficar de orelha quente de tantos e de tão longos os diálogos ao telefone. Bolsonaro é o assunto invariável. Mas não raramente o personagem central das maquinações entre FHC e Gilmar é Lula. O tucano chegou a cogitar até uma visita ao ex-presidente em Curitiba, que seria justificada como um ato humanitário. Certamente, ao sair do encontro, metralharia seu sucessor, ao melhor estilo dele próprio.

FHC busca a conspiração até com os militares, grupo que não se encontra na sua esfera de maior proximidade. Ele costura para breve um novo evento no Instituto Fernando Henrique Cardoso que contemple a presença de generais. Além da relação amistosa com o ex-Comandante do Exército Eduardo Villas Bôas, FHC mantém um canal aberto com o seu ex-ministro-chefe do Gabinete Militar, general Alberto Mendes Cardoso, que atua como um interlocutor privilegiado do ex-presidente com o generalato. O “Príncipe dos Sociólogos” estaria comprando uma opção de que um dos principais grupos de apoio ao governo Bolsonaro venha a se afastar gradativamente do presidente e passe a ser um opositor da sua gestão. Até porque ele acredita que as Forças Armadas entraram na política para não sair tão cedo. Quando se trata do notável conspirador, entretanto, as brumas mais o revelam do que o ocultam.

O Palácio do Planalto inteiro identifica Fernando Henrique Cardoso como uma espécie de galvanizador “secreto” das oposições contra o presidente da República. A falta de simpatia com Bolsonaro sempre foi explícita. Basta observar a linha do tempo. O tucano mal esperou uma quinzena para o primeiro sopro: no dia 15 de janeiro, disse ser oposição ao governo. Em 15 de fevereiro, declarou que Bolsonaro “está abusando da desordem”. Os refrãos de Fernando Henrique contra Jair Bolsonaro subiriam de tom nas semanas seguintes. No dia 27 de fevereiro, FHC disse que o governo Bolsonaro não tem coerência. No dia 17 de março, um ataque não apenas ao presidente, mas ao seu clã: FHC se referiu à presença dos Bolsonaro em Brasília como o “renascimento da família imperial”.

Em 24 de março, Fernando Henrique verbalizou a percepção de que o mandato de Bolsonaro pode terminar antes do tempo regulamentar: “Presidente que não entende a força do Congresso cai”. Jair Bolsonaro é o alvo prioritário de Fernando Henrique Cardoso, mas não o único. No meio do caminho há outra pedra a ser chutada: o governador João Dória. Quando se trata de jogar cascas de banana na frente de Dória, FHC não titubeia. Sempre que pode trabalha pelo escorregão do governador junto ao PSDB. São vários os interlocutores quando o assunto é Dória, mas o mais assíduo é Tasso Jereissati.

Já foi o tempo de José Serra, Aloysio Nunes Ferreira e – imagine só – Aécio Neves. O apartamento de 450 metros na Rua Rio de Janeiro, em Higienópolis, e o Instituto homônimo, no Centro velho de São Paulo, têm recebido a visitação de novos tricotadores. A fonte que contou várias histórias de FHC para o RR disse que a última do Príncipe é o discurso de que Dória e Bolsonaro aparentam ser muito diferentes, mas têm o mesmo DNA. São irmãos Corsos, só que um baila em salões, e o outro limpa o chão dos quartéis. O relato pode não ser verdadeiro, mas quem conhece o personagem sabe que é, no mínimo, ben trovato.

#Fernando Henrique Cardoso #Jair Bolsonaro #João Doria

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