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Estranha-se a entrevista rasa do presidente da Itaúsa, Alfredo Setubal, em O Globo. Alfredo sempre foi uma segunda linha na hierarquia da holding controladora do Itaú Unibanco. Para não dizer que não há foco algum na exposição de ideias, ressalve-se a profissão de fé na candidatura de João Doria à Presidência. Estranha-se também que a entrevista tenha sido manchete do jornal.
Não há nada que justifique uma chamada tão prestigiosa. Também causa estranheza que o jornal escolhido para a aparição de Setubal tenha sido O Globo, em vez, por exemplo, do Valor Econômico, veículo que seria o habitat natural para uma entrevista do empresário. O Globo, como se sabe, é um jornal que atinge uma abrangência maior da população. Tem pinta de um acordo com dimensões políticas.
Algo na direção do que o RR tem antecipado não é de hoje: uma articulação das elites empresariais para construir um projeto nacional, detonar a polarização entre Lula e Bolsonaro e encontrar uma terceira via para disputar as eleições com o apoio fechado da
burguesia – ver RRs de 11 e 31 de agosto e 17 de setembro. Se for esse o intuito, está valendo a iniciativa. É importante criar massa crítica contra Bolsonaro, e quiçá Lula. Que venham congêneres de Alfredo Setubal, expondo a face fora da sua toca de ouro. Mesmo que os depoimentos sejam vazios como o do presidente da holding do Itaú Unibanco.
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