E-commerce vira antídoto para o contrabando made in Paraguai

  • 27/08/2020
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A proposta das autoridades paraguaias de criação de uma espécie de sistema de delivery para a venda online de mercadorias ao Brasil está provocando divergências dentro do governo Bolsonaro. O Ministério da Economia não demonstra muita simpatia pela ideia. A justificativa da equipe econômica é que a medida beneficiará apenas um lado da moeda: ela funcionaria como uma espécie de “auxílio-emergencial” aos mais de cinco mil lojistas paraguaios instalados em Ciudad del Leste e Pedro Juan Caballero e duramente afetados pela pandemia.

Um auxílio, ressalte-se, bancado por divisas brasileiras. No entanto, o Ministério da Justiça e os generais palacianos defendem a implantação do sistema, posição que começa a ganhar corpo dentro do governo. O ministro da Justiça, André Mendonça, e os militares do Palácio do Planalto enxergam a questão sob a ótica da defesa e segurança da fronteira. A medida é vista como uma forma de inibir o contrabando entre o Paraguai e o Brasil, que disparou desde o início da pandemia e o consequente fechamento do comércio na divisa entre os dois países.

Há muito tempo a Polícia Federal não tinha tanto trabalho naquela região. Entre abril e junho, o número de apreensões de mercadorias contra- bandeadas cresceu mais de 250% em relação a igual período no ano passado. No caso do cigarro, o principal item da “pauta” de exportações ilegais do Paraguai para o Brasil, a quantidade apreendida subiu incríveis 4.000%. Segundo informações filtradas da Polícia Federal, comerciantes paraguaios montaram “sistemas” paralelos de venda deprodutos para o Brasil, inclusive com sites e grupos de WhatsApp.

Entre as autoridades da área de segurança, há o temor de que essa “deep web” do comércio seja usada para encobrir atividades criminosas mais pesadas, como tráfico de drogas e contrabando de armas. Inicialmente, o sistema de delivery foi idealizado como uma medida emergencial, para funcionar até o fim da pandemia. A proposta das autoridades do Paraguai prevê a criação de uma plataforma de e-commerce para as lojas localizadas nas cidades de fronteira. A economia da região está à beira do caos com as medidas de isolamento e a proibição à circulação de brasileiros nas divisas entre os dois países. Caberia à Receita Federal do Brasil montar postos na fronteira para acelerar o despacho aduaneiro das encomendas. As encomendas feitas por brasileiros junto a comerciantes paraguaios não poderiam ultrapassar a cota de US$ 500,00.

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