Destaque

David Neeleman é sinônimo de turbulência para a Azul em Portugal

  • 25/01/2024
    • Share

Se, no Brasil, as atenções da Azul se voltam para o pacote de ajuda ao setor aéreo que vem sendo preparado pelo governo, do lado de lá do Atlântico há outra questão sensível no radar da companhia. A direção da empresa está apreensiva com a escalada de denúncias contra seu fundador e maior acionista individual, David Neeleman, em Portugal. O desafio é blindar os planos de expansão da companhia no mercado português das acusações que pesam sobre Neeleman, por supostas irregularidades no período em que ele controlou a TAP, de 2015 a 2020.

O timing é delicado. As investigações ganham corpo justamente no momento em que a empresa brasileira tem feito gestões junto a autoridades portuguesas com o objetivo de ampliar suas operações no país. Segundo o RR apurou, a Azul pretende aumentar o número de voos para Lisboa. Outro projeto no horizonte é a retomada da ligação direta entre Campinas e Porto, interrompida em 2020, durante a pandemia.

Portugal, ressalte-se, é uma peça fundamental no mapa de operações internacionais da Azul. Em 2023, o país europeu foi, pelo terceiro ano consecutivo, o destino mais procurado pelos clientes da empresa no exterior. As acusações contra Neeleman, ex-controlador da TAP, vêm ganhando altitude principalmente com a proximidade das eleições legislativas de março, que definirão o substituto do ex-primeiro-ministro António Costa.

O empresário, que já foi alvo até de CPI na Assembleia Nacional, é um valioso “ativo” político para os adversários de Costa. A oposição, notadamente o candidato da extrema direita, André Ventura, do Chega, tem batido nas relações entre o empresário e o ex-premiê. Ventura costuma se referir à existência de um “acordo secreto” entre o governo de António Costa e Neeleman, que teria permitido ao empresário receber cerca de 55 milhões de euros ao deixar o controle da TAP.

A Azul tenta se descolar de seu próprio criador, mas é parte do enrosco. A empresa teria cerca de 189 milhões a receber do governo de Portugal por repasses financeiros à TAP realizados em 2016. A oposição contesta o valor e a própria operação. Procurada pelo RR, a Azul não quis se pronunciar.

A tendência é que os ataques a Costa e a Neeleman se intensifiquem nas próximas semanas, na esteira de mais uma injeção de capital do governo português na reestatizada TAP. Há cerca de dez dias, o Estado anunciou o aporte de 343 milhões de euros na companhia. Desde que Neeleman deixou o controle, mais de 2,8 bilhões de euros já saíram dos cofres públicos para a empresa aérea.

#Azul #David Neeleman #TAP

Leia Também

Todos os direitos reservados 1966-2024.