Análise

Com ou sem Pimenta, a comunicação do governo Lula segue insossa

  • 27/06/2024
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A ineficiente comunicação do governo é assunto permanente dentro do próprio governo. Até pouco tempo, a culpa era depositada quase que integralmente no então ministro chefe da Secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta. O ministro não é do ramo e não tem um publicitário estrategista ao seu lado, como foi Nizan Guanaes no governo FHC. Pimenta foi reconduzido para outro cargo, a Secretaria Extraordinária da Presidência da República de Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul. Mas o temporal continua tombando sobre a comunicação. Verdade seja dita, antes mesmo da transferência de Paulo Pimenta, o consenso era de que o problema estava na área digital, onde a gestão Lula perde de lavada para o seu principal opositor, Jair Bolsonaro. Foram contratadas, então, quatro agências: Usina Digital, Área Comunicação, Moringa L2W3 e o consórcio BR e Tal, composto pela BRMais e Digi&Tal. Por enquanto, não foi o suficiente para virar o placar.
A responsabilidade do insucesso passou então, muito discretamente, para Janja, principalmente na área digital. A primeira-dama apita em tudo o que se faz nas redes. Com Janja ou sem Janja, o governo não tem slogan, não tem mensagem, tem baixa aparição, deixa suas conquistas passarem batidas e, sobretudo, não coloca uma equipe à disposição da mídia para explicar em detalhes as intrincadas reformas que pretende passar no Congresso. A tributária, por exemplo, tem centenas de mudanças. Só a parte de incentivos fiscais, sendo detalhada, tem mais de 150 benesses a segmentos variados.
Entre outras serventias, um trabalho maciço de explicações à sociedade ajudaria a combater os lobbies dos grupos de interesse. Seria necessário também algum mote que reunisse a algaravia de artigos e incisos da reforma tributária em uma mensagem de apelo nacional. Algo assim como “a reforma tributária vai fazer os ricos menos ricos e os pobres menos pobres”. Na falta de definição sobre quem toma conta da comunicação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, acaba sendo o único responsável pelas grandes decisões, até mesmo em função do seu maior apelo midiático. Na prática, é ele que acumula o cargo de ministro interino da Secom. Mas essa é a solução que não soluciona nada. Haddad é quase um comunicólogo de nascença. Contudo, essa função disfuncional somente o desgasta. O fato é que a caravana do governo segue surda e muda, e a comunicação primando pela sua ausência.

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