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A China Railway e a russa RZD Railways, apontadas como as principais candidatas à concessão da Norte-Sul, ameaçam ficar de fora do leilão. A dupla exige mudanças no modelo da licitação. Da forma como o script está montado, há o risco de a Norte-Sul arrastar seu futuro concessionário para dentro da Lava Jato. O motivo é a obrigatoriedade de que o investidor privado assuma antigos contratos firmados pela estatal Valec – boa parte deles alvo de investigações do Ministério Público e do TCU.
Segundo o RR apurou, China Railways e RZD consideram como caso de maior risco o acordo de R$ 166 milhões com a Constran, leia-se UTC, e a Carioca Engenharia para a construção de um trecho de 140 quilômetros da via férrea, o chamado Lote 4. No ano passado, o TCU determinou o bloqueio de bens da Constran devido a fraudes e superfaturamento na montagem de outro trecho da ferrovia – na ocasião o Tribunal ainda puniu a empresa, um de seus executivos e dois ex-dirigentes da Valec a ressarcir os cofres públicos em cerca de R$ 70 milhões. O governo chegou a reduzir o preço de outorga da Norte-Sul em 30% como contrapartida à transferência dos contratos e demais obrigações da ferrovia ao futuro concessionário.
China Railway e RZD, no entanto, entendem que não há desconto que pague o risco potencial das ossadas guardadas na Valec. Para os investidores a estatal deveria suspender os antigos contratos – a maioria deles firmada na gestão de seu antigo presidente, José Francisco das Neves, o “Juquinha”, já condenado por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Por sinal, se há alguém que, por dever de ofício, conhece os labirintos da Valec e as ameaças embutidas na Norte-Sul é Bernardo Figueiredo, representante da RZD no Brasil e principal interlocutor entre os investidores e os ministros Moreira Franco – que, mesmo nas Minas e Energia, mantém um pé nas PPIs – e Valter Casimiro, titular da Pasta dos Transportes. Ex-presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Figueiredo foi o homem-forte da área de logística do governo Dilma I.
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