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Enquanto as articulações entre o Mercosul e a União Europeia não atam e nem desatam, o governo Lula vai mergulhar em outra intrincada costura diplomática: a negociação de um tratado de livre comércio entre o bloco econômico e o Japão. O próprio presidente Lula chamou a missão para si, como fez nas gestões para a entrada de novos países nos BRICs e no ingresso da Venezuela no próprio Mercosul. Segundo uma alta fonte do Itamaraty, a diplomacia dos dois países já trabalha nos preparativos para uma visita do primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, ao Brasil, ainda neste semestre. Lula e Kishida tiveram uma conversa por telefone no início do ano, quando o premiê japonês disse com todas as letras ser favorável ao acordo com o Mercosul.
Esta é mais uma agenda que deve provocar fricções dentro do Mercosul. O governo Lula dá uma relevância ao acordo que não encontra paralelo nos países vizinhos. No ano passado, em visita à cidade japonesa de Nigata, o ministro Fernando Haddad declarou publicamente o interesse do Brasil em negociar o tratado. Dizer que Lula está falando sozinho é exagero. O governo do Paraguai já deu sinais de que apoia as tratativas com o Japão. O mesmo não se pode dizer de Argentina e Uruguai, que têm deixado o Mercosul de lado para cuidar da própria vida e buscar acordos bilaterais. Mas convém lembrar que ficar fora do acordo é desdenhar da influência do Brasil – motor do Mercosul -, com o Paraguai na esteira, e da possibilidade que estes façam seus acordos bilaterais na contramão dos países dissidentes. No Itamaraty, a leitura é que a maior resistência virá do governo uruguaio. No momento, os esforços do presidente Luis Lacalle Pou na área de política externa estão concentrados na negociação de um tratado de livre comércio com a China.
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