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Raras vezes o mal-estar de tantos fez a alegria de tão poucos. A poluição das águas do rio Guandu, um problema que se considerava resolvido desde a gestão de Carlos Lacerda no governo da Guanabara, mais do que triplicou o consumo de água mineral no Rio de Janeiro. Os supermercados e as lojas que vendem galões industriais estão descarregando e carregando estoques. A expectativa é que o boom de consumo se mantenha até o final do mês, prazo razoável para que o temor da população vá se dissipando.
Nessa toada, o Guandu deverá remexer o ranking do mercado nacional. No setor, a aposta é que o Rio de Janeiro vai ultrapassar Pernambuco e São Paulo e assumir, ainda que momentaneamente, a liderança na venda de água mineral no país. Em 2019, os paulistas consumiram cinco bilhões de litros; os pernambucanos, 3,1 bilhões de litros e o Rio, algo em torno de 1,6 bilhão de litros. Não são apenas as garrafinhas que estão desaparecendo das prateleiras do varejo. Nas duas últimas semanas, as vendas de água mineral em embalagens de 10 e 20 litros dobraram no Rio de Janeiro.
Muitas das 57 engarrafadoras instaladas no estado já estão operando 24 horas por dia para atender à explosão da demanda e repor os estoques. O mercado de água mineral ganhou um impulso maior do que qualquer publicidade daria. Passada a crise, a ingestão da bebida não estará vinculada à histeria e a uma questão de saúde pública, mas ao recondicionamento de hábitos de consumo. A água mineral voltará a fazer parte do costume de boa parte da população do estado. Bom, sobretudo, para a Coca-Cola, líder do mercado nacional. By the way: ao menos neste caso, como as embalagens de água mineral produzidas pela Coca-Cola são transparentes, não há o risco de o consumidor se surpreender com um “corpo estranho” ao abrir a garrafa.
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