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Da porta para fora do Ministério, Blairo Maggi cumpre o script e procura minimizar os efeitos da segunda fase da Operação Carne Fraca. Intramuros, dispara telefonemas para autoridades da Europa e da Ásia, costura uma agenda de viagens a países do Oriente Médio a partir de abril – com o objetivo de dar visibilidade às ações adotadas pelo governo brasileiro na fiscalização fitossanitária –, e discute medidas de estímulo a frigoríficos de médio porte, os mais suscetíveis ao escândalo. A maior preocupação de Maggi é o risco social trazido pelo recrudescimento das investigações.
Do ponto de vista do mercado de trabalho, não poderia ter havido timing mais inadequado e perturbador para o replay da Carne Fraca. O escândalo volta à tona justo no momento em que os frigoríficos dão sinais de recuperação e, mais do que isso, consolidam um ciclo de contratações sem paralelo nos últimos cinco anos. Os próximos números do Caged deverão mostrar um saldo (admissões menos demissões) superior a 11 mil vagas no setor de abate de carne bovina nos últimos 12 meses.
Trata-se do melhor resultado desde 2012/2013. No biênio 2015/2016, o segmento abateu quase oito mil “cabeças”, total de postos de trabalho fechados no período. Um repique nas exportações pode colocar tudo a perder.Um dos casos que envolve maior tensão é a Rússia. As negociações com o país europeu, que suspendeu as importações de carne bovina e suína brasileira, seguem em ritmo lento. Segundo o RR apurou, o Serviço Federal de Vigilância Fito-sanitária da Rússia, o Rosselkhoznadzor, havia se comprometido a enviar uma delegação de técnicos para inspeção de frigoríficos brasileiros em março. No entanto, a visita ficou para abril. Sem as vistorias in loco, nenhuma chance de o governo Putin reabrir os portos à carne brasileira. Um risco a mais para os trabalhadores do setor.
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