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Carlyle não aguenta mais tanto prejuízo no varejo brasileiro

  • 6/08/2024
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O Carlyle – uma das maiores gestoras de recursos do mundo, com quase meio trilhão de dólares em ativos – cansou de torrar dinheiro no varejo brasileiro. Segundo informações que circulam no mercado, os norte-americanos pretendem se desfazer do controle de seus dois negócios no setor, a Tok & Stok e a Ri Happy, rede de lojas de brinquedo. Em petit comité, há quem diga que o Carlyle vem mantendo conversas com distressed funds.

No caso da Ri Happy, a operação seria menos complexa, pelo fato da gestora ter 100% do capital. Em relação à Tok & Stok, no entanto, os caminhos que levam à porta de saída são mais tortuosos por conta do atual contexto societário. Há sabidamente um embate entre o Carlyle, dono de 60% da rede de lojas de móveis e decoração, e o casal Ghislaine e Regis Dubrule, fundadores da empresa e detentores dos 40% restantes.

Em meados de julho, os norte-americanos tiraram Ghislaine da presidência da Tok & Stok, cargo para o qual ela havia retornado um ano antes a pedido do próprio acionista controlador. A relação entre ambos foi para o vinagre. O Carlyle alega que a gestão da empresária não deu os resultados esperados. Os Dubrule rebatem: em entrevista ao Pipeline, do Valor, no último dia 17, Regis afirmou que, sob a batuta de Ghislaine, a companhia cortou despesas, e quase todas as lojas voltaram a operar com lucro.

No setor, não falta quem levante a hipótese do litígio parar na Justiça, o que seria um obstáculo à venda da companhia justo no momento em que o Carlyle só pensa em pular fora desse barco. Seja da forma que for. A ideia inicial era costurar uma fusão da Tok & Stok com outro player do varejo de móveis, notadamente a Mobly. No entanto, diante das dificuldades em torno da operação, a gestora partiu para o Plano B, ou seja, a negociação direta dos seus 60% para outro investidor. Procurado pelo RR, o Carlyle não retornou até o fechamento desta matéria.

Além do investimento do Carlyle, Tok & Stok e Ri Happy têm vários pontos de interseção. Carregam um alto endividamento, enfrentam limitações de acesso a crédito, sofrem duramente diante da concorrência com plataformas de e-commerce e amargam seguidos prejuízos. Nos últimos dois anos, a Tok & Stok teve um resultado negativo acumulado de quase R$ 500 milhões.

Por sua vez, estima-se que a Ri Happy tenha perdido cerca de R$ 90 milhões no mesmo período. Nesse ritmo, ambas acabaram se tornando incineradoras de recursos. Ao longo do último ano, o Carlyle se viu forçado a fazer aportes emergenciais nas duas empresas para afastar o risco de um colapso operacional: na Tok & Stok, foram R$ 60 milhões; na Ri Happy, a capitalização somou R$ 75 milhões. Foi a conta do chá, o necessário para equacionar os compromissos financeiros de curto prazo das duas redes varejistas.

#Carlyle #Ri Happy #Tok & Stok

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