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O acordo de cooperação entre o Brasil e a França vai muito além da montagem do esquema de segurança dos Jogos Olímpicos. Durante o encontro realizado no último domingo no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma Rousseff e o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, trataram de outros temas tão ou mais nevrálgicos, a começar pelo risco de infiltração de células terroristas em território brasileiro. Relatórios produzidos em conjunto por órgãos de inteligência dos Estados Unidos e da Europa, pela Abin e pelo Centro de Informações do Exército (CIE) – comandado pelo general Cesar Leme Justo – mostram uma movimentação de grupos ligados ao Estado Islâmico na região entre Foz do Iguaçu (PR) e Chuí (RS). Este é um assunto tratado com o maior cuidado pelas autoridades brasileiras. Há uma clara preocupação em não causar qualquer constrangimento à expressiva e pacífica comunidade muçulmana há décadas radicada no país. Pelo contrário. Um dos objetivos é justamente o de evitar a infiltração de grupos extremistas em cidades com grande presença de seguidores do Islã, como Foz do Iguaçu. Segundo informações colhidas pela Abin e pelo CIE junto a órgãos congêneres da França e dos Estados Unidos, facções terroristas têm adotado a estratégia de se embrenhar em países e regiões com grande presença de muçulmanos – o que torna o Sul do Brasil um alvo em potencial. Grupos vinculados, sobretudo, ao Estado Islâmico costumam atuar em duas frentes. Uma delas é o que os órgãos da área de defesa classificam de trabalho de cooptação e arregimentação, feito por meio de uma agressiva doutrinação. Ao mesmo tempo, há a busca de financiamento para ações terroristas. De acordo com registros da Abin e do CIE, a caça de recursos se dá tanto no “atacado” – a começar pelo envolvimento com o narcotráfico no Cone Sul – quanto no “varejo”. Neste segundo caso, os crimes mais comuns são a chantagem e a ameaça a famílias muçulmanas com parentes no Oriente Médio, notadamente em áreas dominadas pelo Estado Islâmico. Até pouco tempo atrás, o Brasil era considerado basicamente “área de descanso de terroristas”, um esconderijo seguro e temporário para extremistas que, de alguma forma, haviam participado de atentados internacionais. Esta visão mudou, à medida que grupos terroristas passaram a adotar novas táticas e esticar seus tentáculos pelas mais variadas regiões do mundo. Por esta razão, além do monitoramento in loco na Região Sul, os órgãos de inteligência brasileiros têm ampliado o escopo do rastreamento nas redes sociais e nas comunicações digitais, trabalho concentrado no Centro de Guerra Cibernética do Exército, em Sobradinho (DF).
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