Bolsonaro cobra de Guedes um afago ao povão

  • 6/05/2019
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O presidente Jair Bolsonaro está pressionando o ministro da Economia, Paulo Guedes, para que apresente antes mesmo da votação da reforma da Previdência um elenco de medidas de caráter popular. A missão vai na direção inversa dos planos de Guedes, que quer focar na Previdência, com zero de dispersão. Assim que aprová-la, de preferência com economia de gastos que permitam a migração rápida para o regime de capitalização, anunciaria um potente pacote microeconômico.

Essas seriam suas duas primeiras alavancas para a retomada firme do investimento. A terceira seria a reforma tributária, com simplificação dos impostos e redução da carga tributária sobre as empresas. Na visão do ministro, é dessa combinação que desabrochará o emprego. O problema é que essa equação tem um tempo longo de resolução – este ano está perdido. E dar algum doce nesse ínterim amargo pode se tornar politicamente necessário. O Palácio do Planalto já enxerga pouco à frente manifestações contra o aperto da classe trabalhadora.

Por enquanto, Paulo Guedes só maltratou: cortou empregos no setor público e nas estatais, contingenciou recursos, pré-anunciou o fim da correção real do salário mínimo, e mesmo o 13º salário do Bolsa Família foi concedido em troca do congelamento dos benefícios. Uma compensação poderia vir com alguma medida de alívio no crédito, ou mesmo com algum adicional de renda vinculado à produtividade. A questão é que Paulo Guedes detesta essa política de picadinho, aquela que ora solta uma medida de alívio aqui, ora solta outra acolá. O ministro acha que isso tem a cara de Dilma Rousseff e contraria não somente suas ideias, como também sua postura irredutível, um dos principais trunfos nessa batalha pelas reformas estruturais. Vale observar se o que Bolsonaro pediu é mesmo o que ele quer e pelo que vai bater pé. A arritmia de comportamento do presidente não permite avalizar qualquer intenção dele como firme, ou mesmo séria. Melhor apostar no cavalo de Paulo Guedes. O trabalhador que espere.

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