Economia

Belluzzo está com um pé na soleira do Banco Central 

  • 11/04/2023
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Algumas mesas de operação de instituições financeiras de São Paulo abriram os trabalhos nessa terça-feira disparando pelo mercado que o novo diretor de Política Monetária do BC será o economista Luiz Gonzaga Belluzzo. Ele assumiria a vaga de Bruno Serra Fernandes, exonerado pela presidente Lula um mês antes do vencimento do mandato, a seu pedido. Caso se confirme a indicação do economista da Unicamp, o mercado sofrerá um faniquito. A sua eventual nomeação é vista como uma intervenção direta de Lula na autoridade monetária, passando por cima, inclusive, do próprio ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Não que Haddad se sinta melindrado: ele e Belluzzo trocam figurinhas há muito tempo. Ocorre que a opção do ministro para a diretoria de Política Monetária seria o economista Rodolfo Fróes – ex-executivo do Bank of America. Fróes também é o preferido do influente secretário executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo – este último igualmente candidato ao cargo, no que seria um rito de passagem para posteriormente assumir o lugar de Roberto Campos Neto. De preferência antes do fim de 2024, quando expira o primeiro mandato do atual presidente do BC. Com Belluzzo, Galípolo, Guilherme Mello – secretário de Política Econômica do Ministério, que, “por coincidência”, é primo do professor da Unicamp -, juntamente com o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, seria constituído o núcleo duríssimo da política econômica.  

Fato é que Lula quer há muito tempo o professor Luiz Gonzaga Belluzzo na diretoria do Banco Central. Belluzzo, mesmo com seu jeito de monge, pressionaria Roberto Campos Neto por dentro do BC. Sabe-se que o diretor de Política Monetária é o segundo cargo na hierarquia, abaixo apenas do presidente do Banco Central. Belluzzo politizaria o ambiente inevitavelmente. Ele esteve à frente, entre outras ações, do manifesto dos economistas defendendo a redução imediata da taxa de juros.  

Não é de hoje que o seu nome é citado como alternativa para assumir o próprio posto principal da autoridade monetária. No primeiro governo Lula, sempre esteve ali, aguardando na porta de entrada do Banco Central o lugar almejado de presidente da autoridade monetária. Só não foi imposto para o lugar de Henrique Meirelles por um triz. As recentes declarações de Lula de que considera desnecessária a experiência em mercado financeiro para o cargo de diretor do BC, “podendo muito bem ser alguém com sólida formação acadêmica”, têm direção certa. A notícia foi o suficiente para que uns e outros alterassem sua posição nos mercados futuros. Belluzzo faz o maior sentido nessa equação. É parente de primeiro grau da “família da Fazenda”. Mas existe ainda a variável Andre Lara Resende, que também caiu nas graças do presidente. Lara Resende, conforme apurou o RR, já teria sido, inclusive, convidado para a presidência do BC. No momento, Lula é a Dona Flor com seus dois candidatos. Em qualquer dessas hipóteses, o mercado reagirá incomodado. Mesmo ganhando fortunas apostando no fracasso das gestões. Como se sabe o mercado chia, mas nunca perde.

#Luiz Gonzaga Belluzzo

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