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As venturas e desventuras do “primeiro-ministro” da Caixa Econômica

  • 9/12/2024
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O vice-presidente de Finanças e Controladoria da Caixa Econômica, Marcos Brasiliano Rosa, tem chamado a atenção de outros integrantes da diretoria pela alta dose de poder e por decisões que vêm gerando controvérsias dentro do banco. Visto por muitos como uma espécie de “primeiro-ministro” na gestão do presidente Carlos Vieira, Brasiliano é apontado internamente, segundo uma fonte da instituição, como um dos principais, se não o principal responsável pela crise de funding da Caixa, que afetou a concessão de financiamento habitacional. Formalmente, o banco atribui a limitação de recursos a um crescimento da carteira de crédito imobiliário acima do esperado e ao volume de saques na caderneta de poupança.

Pode ser. Dos muros para dentro, no entanto, o que se diz é que houve falhas na elaboração do orçamento do banco para 2024, missão a cargo de Brasiliano.

Ainda em maio, ou seja, apenas no quinto mês do exercício, surgiram os primeiros sinais de que o cobertor orçamentário era curto demais. Na ocasião, durante a divulgação dos resultados, ao se referir ao financiamento habitacional Carlos Vieira disse textualmente que a Caixa estava “trabalhando no limite da capacidade”.  Em setembro, três meses antes do fim do ano, os problemas de funding se acentuaram, o que forçou a Caixa a baixar às pressas mudanças nas regras dos empréstimos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). Nas operações realizadas entre janeiro e setembro, o SBPE representou 36% do crédito habitacional concedido pelo banco.

Sem recursos, a Caixa limitou os financiamentos feios por meio do Sistema a imóveis de até R$ 1,5 milhão. Além disso, a instituição restringiu os empréstimos pelo Sistema de Amortização Constante (SAC) a 70% do valor da propriedade – até então, esse teto era de 80%. Já pelo sistema Price, o sarrafo desceu de 70% para 50%.

Antes de ocupar a vice-presidência de Finanças e Controladoria, Marcos Brasiliano Rosa atuou como diretor de Controladoria na gestão do ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães.

Funcionário de carreira do banco desde 1989, Brasiliano construiu sua trajetória para os cargos mais elevados da hierarquia apoiado por aliados estratégicos, como os ex-VPs Rafael Moraes e Gabriel Cardozo, ambos fiéis ao ex-presidente Pedro Guimarães. Durante sua presença na vice-presidência, Cardozo teve notória ascendência sobre a Caixa Asset.  Durante a gestão de Guimarães e posteriormente na administração de Daniella Marques, ainda no governo Bolsonaro, Brasiliano transitou estrategicamente entre diferentes esferas de influência.

Não apenas viabilizava operações desejadas pela direção do banco, mas também atuava como “braço direito” da então conselheira Rita Serrano. Com a chegada de Rita à presidência da Caixa, Brasiliano se fortaleceu, até ser alçado à vice-presidência de Finanças. De acordo com a mesma fonte, passou também a ser uma figura central na articulação interna e no preenchimento de cargos estratégicos.

Nos corredores do banco, a informação é que o executivo aproveitou essa influência para criar uma equipe de fiéis assessores ao seu redor, entre os quais se destaca Saulo Farhat Paiva, atual diretor executivo responsável pela Tesouraria da Caixa.  

Segundo a fonte do RR, com a nomeação de Carlos Vieira para presidência, Brasiliano rapidamente ajustou sua postura, tornando-se um aliado próximo do novo líder, o que lhe permitiu manter seu prestígio e acesso a diferentes áreas do banco. Mais recentemente, o executivo teria sido uma voz de peso para a transferência de Rafael Moraes, ex-vice-presidente, para o cargo de CFO da Caixa Vida e Previdência.

Os equívocos no orçamento de 2024 tiveram impacto não apenas sobre milhões de clientes da Caixa, mas sobre a própria engrenagem da oferta de financiamento habitacional no Brasil – o banco responde por quase 70% do crédito imobiliário no país.

Ainda assim, até o momento não há sinais de que a posição de Marcos Brasiliano esteja sob risco. O executivo conta com outros apoiadores de relevância, como Sérgio Henrique Bini, atual vice-presidente de Fundos de Investimento. Este último é responsável pelos fundos FI FGTS do banco. De acordo com a fonte do RR, Brasiliano trabalha nos bastidores para manter poder na Caixa mesmo com a sua iminente aposentadoria, prevista para o fim deste ano. A informação é que ele se articula para permanecer na vice-presidência de Finanças ou assumir a presidência de uma subsidiária da Caixa. A ver.

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