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André Esteves flerta com a criação de um “ornitorrinco digital” para educação financeira

  • 8/04/2024
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O banqueiro André Esteves, fundador e presidente do Conselho de Administração do BTG, estaria encantado com a ideia de criar uma plataforma voltada à disseminação de informações “educativas” do mercado, segundo um ex-sócio que guarda grandes ressentimentos e adora tecnologia. Nada parecido com o MBA que outro ex-sócio, Paulo Guedes,  inventou nas redes. O modelo também passa ao largo de algo similar ao “gabinete do ódio”, do clã Bolsonaro, conforme os mais pestilentos poderiam associar. Imaginem só se André Esteves ia se meter com fake news? Mas sensibilizar a atenção de investidores, chamar a atenção de ativos, valorizar IPOs, isso tudo Esteves poderia fazer. Quer dizer, a consultoria digital, a priori, também  poderia.

A nova plataforma não deixaria de ser uma mídia. O líder do BTG já tem um braço no setor, a revista Exame, mas só que meio maneta, nem a um milhão de quilômetros do bólido que a publicação já foi. Do ponto de vista da CVM e do BC, o ideal seria que esse “novo animal digital”, uma vez criado, estivesse perfeitamente adequado às regulamentações, para alguma situação em que isso se mostrasse necessário. Para todos os efeitos, não deveria existir nem de longe vinculação ao sócio principal do BTG ou a qualquer tentáculo do banco no mercado. O novo negócio estaria localizado em um limbo das operações na internet  que seguisse todos os enquadramentos formais.

A plataforma idealizada por André Esteves teria enorme poder de fogo nas redes. Seria um projeto para escalar milhões de seguidores. Todos diplomados e, ao mesmo tempo, bem-informados, como imagina-se serem os interessados nesse tipo de conteúdo, assim como com condições de aplicar alguma poupança nas opções de investimento apresentadas como exemplo de cases do mercado. Esteves é um sujeito extremamente criativo, o que estimula a credibilidade da versão. Ao que tudo indica, acredita na premonição de que a realidade só ganhará cores fortes se estiver contida na internet. Só que, até então, não se falava em mercado de capitais. Nesse contexto híbrido, associado a educação.

O RR entrou em contato com o BTG, consultando o banqueiro André Esteves acerca da informação. No entanto, por meio de sua assessoria, o banco disse que não iria comentar o assunto. Em conversa com o RR, a CVM, por sua vez, informou que “não há necessidade de registro na Autarquia para oferecer curso ou plataformas educativas em mercado de capitais.”. O órgão alerta, no entanto, para “que o cidadão avalie todas as informações, inclusive com relação ao curso oferecido, tendo em vista que, pode se tratar de um método utilizado por pessoas que não têm autorização para atuar no mercado de capitais com a finalidade de se aproximar do público investidor e apresentar ofertas de investimento”. A CVM recomenda que “antes de qualquer investimento, o investidor verifique se o ofertante possui registro na Autarquia para atuar no mercado de valores mobiliários.” Ainda segundo o órgão regulador, “em algumas atividades educacionais utilizadas para apresentar recomendações de investimento ao público, pode haver, por exemplo, a transmissão ao vivo em salas de conversa on-line, o acompanhamento de operações no pregão, com comentários e sugestões.” A CVM também diz que “Se essa atividade é desempenhada de forma profissional, havendo benefício, vantagem ou remuneração por conta dessa recomendação, mesmo que por meio de taxas de assinatura ou receitas indiretas, pode restar caracterizado o exercício de atividade de analista de valores mobiliários, o que requer autorização”. Nesse tema, a CVM recomenda “a leitura do Ofício Circular n° 2/2019/CVM/SIN.” Em relação a assessoramento financeiro e recomendação de investimentos, a autarquia diz que “deve ser observado o regramento disposto nas Resoluções CVM nº 20 e 179, respectivamente, dado serem atividades sujeitas a registro e supervisão da CVM.”

O RR entrou em contato também com o Banco Central. A assessoria de imprensa da instituição informou que não conseguiria atender ao pedido de posicionamento dentro do prazo de fechamento desta matéria e que enviaria um retorno até amanhã, dia 9. O espaço segue aberto para o BC. Uma vez enviada, a resposta do Banco Central será incluída no texto.

#André Esteves #BTG

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