“Ameaça” Biden chacoalha o tabuleiro do Itamaraty

  • 25/09/2020
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O RR apurou no epicentro do governo que já estão sendo debatidas as hipóteses de reconstrução da política externa com os Estados Unidos caso o democrata Joe Biden seja eleito. Ela começa por mudanças nos “móveis” da própria casa, ou seja, o Ministério das Relações Exteriores. A premissa é que a permanência de Ernesto Araújo à frente da Pasta será incompatível com o retorno dos democratas à Casa Branca. Segundo fontes ligadas ao Itamaraty, três diplomatas despontam na linha de frente dos candidatos à sucessão de Araújo.

Todos têm um traço em comum: combinam experiência, tamanho para o cargo de chanceler e guardam alguma proximidade com o clã Bolsonaro. Ou seja: emprestariam ao Ministério o pragmatismo necessário para o novo cenário, permitiriam que o Brasil azeitasse suas  relações com um eventual governo democrata nos Estados Unidos sem que, para isso, Bolsonaro precisasse promover uma mudança de rota mais brusca. Um dos candidatos tidos como mais fortes é Luis Fernando Serra, ex -embaixador brasileiro em Paris.

Serra ganhou muitos pontos no Palácio do Planalto quando foi à TV francesa defender Bolsonaro, com fervor patriótico, dos ataques do presidente Emmanuel Macron ao governo brasileiro por conta das queimadas na Amazônia. O embaixador chama a atenção de seus colegas pela flexibilidade retórica em agradar Bolsonaro sem necessariamente ferir posições históricas da diplomacia brasileira. Serra é conhecido também pela boa articulação junto a diplomatas mais antigos.

Pela sua experiência, é visto como alguém capaz de dar um tom mais sereno nas relações com os Estados Unidos sem desagradar Bolsonaro e os seus. Outro nome forte é o da diplomata Maria Nazareth Farani Azevedo, esposa do ex-diretor-geral da OMC, Roberto Azevedo. Há algum tempo Maria Nazareth é cotada em Brasília para algum alto cargo no Itamaraty. Assim como Luis Fernando Serra, ela tem demonstrado habilidade para combinar um discurso pró-Bolsonaro com a defesa de posições mais pragmáticas nas Relações Exteriores. Um nome que corre por fora é o de Pompeu Andreucci Neto, ex-embaixador do Brasil em Madri.

Andreucci não tem a mesma conexão direta com Bolsonaro que Serra e Maria Nazareth. Mas dispõe de um trunfo político: é ligado ao ex-presidente Michel Temer, hoje cada vez mais próximo de Bolsonaro. Uma solução menos natural seria a escolha de um “forasteiro”, ou seja, não necessariamente de um diplomata de carreira. Trata-se de uma hipótese menos provável, mas dois nomes são ventilados: o vice-presidente Hamilton Mourão e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Nesse caso, tanto um quanto o outro acumulariam funções no governo. A gestão de Tereza Cristina é um dos principais cases de sucesso desse governo. Tirá-la da Agricultura seria despir um santo para vestir o outro.

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