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Governo
Um dos maiores desafios de Geraldo Alckmin para colocar o “Nova Indústria Brasil” (NIB) de pé está dentro de casa, ou seja, no próprio governo. O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio terá poder para dobrar a Petrobras, o BNDES e mesmo a Casa Civil, responsável pelo PAC? Parte expressiva da formação bruta de capital fixo do país vinculada à indústria está nas mãos desses três agentes, notadamente dos dois primeiros. Alckmin já identificou que terá de atravessar o campo de força ao redor da trinca de instituições. Historicamente, Casa Civil, com o manejo de grandes programas e orçamentos, e Petrobras e BNDES, na ponta final da alocação dos recursos, sempre tiveram excessiva autonomia. Deu no que deu. Os três se tornaram antros da má aplicação do dinheiro público e de operações paralelas nada recomendáveis. Alckmin não quer tomar bola nas costas. Para isso, quer dar atribuições ainda mais amplas à ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), vinculada a sua Pasta. Em parte, a Agência deverá funcionar como uma espécie de TCU pré-TCU, com direito a apurar e fiscalizar a destinação dos recursos do NIB. Alckmin quer controlar cada centavo gasto no âmbito do programa. Está mais do que certo.
A nova configuração da ABDI permite entender a escolha de Ricardo Capelli para o comando da instituição. O RR já havia matado a charada. Suas funções irão bem além das descritas no Diário Oficial. Capelli recebeu carta branca para fuxicar tudo. Não terá função executiva sobre os empreendimentos, mas vai fiscalizar tudo o que estiver esquisito. O novo “xerife” da ABDI vai ter um duplo chapéu: será o espião – no melhor sentido da palavra -, exercendo a tarefa de levar ao chefe relatórios de compliance especiais; e um fiscalizador da alocação de recursos públicos na sua área de atuação. Os cronogramas serão rigidamente acompanhados (o Brasil tem mais de um milhar de obras paradas), da mesma forma que a lisura desses investimentos e dos encarregados pela sua realização e até que ponto eles estão inseridos na nova matriz ecológica do governo.
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