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Ainda vai ser necessário furar muito poço de petróleo no Brasil

  • 7/06/2024
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A expectativa em relação ao ritmo de substituição de combustíveis fósseis por fontes de energia limpa não está afinada com a realidade dos fatos e das cifras, a começar pelo próprio Brasil. É o que mostram as estimativas de investimento na exploração e produção de petróleo e em transição energética. As duas curvas – ambas em viés de alta – ainda estão bem longe de se encontrar. Ao menos nos próximos quatro anos.

Segundo dados do próprio governo, o próximo ciclo de inversões em transição energética no país deverá somar cerca de R$ 200 bilhões até 2028. Em contraponto, de acordo com a ANP, a projeção de investimentos na área de E&P para o mesmo período é de R$ 514 bilhões – mais de 75% sob responsabilidade da Petrobras. Significa dizer que a mudança na matriz energética brasileira ainda seguirá, por um bom tempo, em uma rotação mais lenta do que no restante do mundo. No ano passado, os aportes globais em geração limpa bateram em US$ 1,7 trilhão, superando os valores em combustíveis fósseis (cerca de US$ 1 trilhão) pelo segundo ano consecutivo.

Diante desses números, é bastante improvável que o apelo de prestigiados cientistas – como Carlos Nobre, o mais respeitado climatologista brasileiro – para que o país não abra novos poços de petróleo seja atendido. Não no médio prazo. E esta não é uma limitação apenas do Brasil. Não obstante a disparada dos investimentos em energia verde, pensar em um mundo livre de fontes fósseis ainda é utopia. Há, inclusive, quem afiance que esse dia talvez nunca chegue. Em março, por exemplo, o CEO da gigante Saudi Aramco, Amin Nasser, disse com todas as letras que “a transição energética está fracassando” e “os formuladores de políticas deveriam abandonar a fantasia de eliminar petróleo e gás”, uma vez que “a demanda por combustíveis fósseis deve continuar a crescer nos próximos anos.” De fato, a ladeira é íngreme. A geração eólica e solar, por exemplo, ainda responde por apenas 13% da produção global de energia.

#Petrobras #Petróleo #Saudi Aramco

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